ATA DA SEXAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 26-8-2002.

 


Aos vinte e seis dias do mês de agosto de dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Ervino Besson, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Pedro Américo Leal e Raul Carrion. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Estilac Xavier, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Sexagésima e Sexagésima Primeira Sessões Ordinárias e das Atas da Vigésima Primeira e Vigésima Segunda Sessões Solenes, que foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Paulo Brum, o Projeto de Resolução n° 093/02 (Processo n° 2733/02); pelo Vereador Pedro Américo Leal, 01 Pedido de Providências. Também, foi apregoado o Ofício n° 580/02, de autoria do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo n° 057/02 (Processo n° 2753/02). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 504, 507, 508, 510 e 513/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença do Deputado Federal Airton Dipp e informou que seria iniciada solenidade de entrega dos prêmios do VI Concurso Sioma Breitman de Fotografia. Compuseram a Mesa: o Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; os Senhores Irineu e Samuel Breitman, filhos do Senhor Sioma Breitman. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador João Antonio Dib, que teceu considerações sobre a trajetória pessoal e profissional do Senhor Sioma Breitman, destacando a importância da realização do Concurso Sioma Breitman de Fotografia para a divulgação das belezas da Cidade de Porto Alegre e para a imortalização das imagens dos principais atrativos desta Capital. Em continuidade, foram entregues os prêmios alusivos ao VI Concurso Sioma Breitman de Fotografia, na forma que segue: o Vereador José Fortunati procedeu à entrega, à Senhora Micheli Karoly, do Prêmio de 1ª Colocada, consistindo em Diploma e um cheque no valor de mil e quinhentos reais; o Vereador João Antonio Dib procedeu à entrega, ao Senhor João Paulo Cauduro Filho, do Prêmio de 2° Colocado, consistindo em Diploma e um cheque no valor de mil reais; o Senhor Irineu Breitman procedeu à entrega, ao Senhor Eduardo Thum, do Prêmio de 3° Lugar, consistindo em Diploma e um cheque no valor de quinhentos reais; o Senhor Samuel Breitman procedeu à entrega, aos Senhores Mauro Schaeffer, Domingos Martins Costa e Micheli Karoly, de Medalhas e Diplomas de Menção Honrosa. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Irineu Breitman, que salientou a relevância do trabalho artístico desenvolvido pelo Senhor Sioma Breitman, cumprimentando os vencedores do VI Concurso Sioma Breitman de Fotografia e gizando a importância desse certame para a vida cultural porto-alegrense. A seguir, o Senhor Presidente informou a realização, na Avenida Cultural Clébio Sória, de cerimônia de inauguração de exposição com os trabalhos que concorreram ao VI Concurso Sioma Breitman de Fotografia. Às quatorze horas e vinte e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e um minutos, constatada a existência de quórum e, após, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Fernando Záchia, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, iniciando-se o GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a assinalar o transcurso do trigésimo quinto aniversário de retorno do Batalhão Suez, nos termos do Requerimento n° 126/02 (Processo n° 2436/02), de autoria do Vereador Fernando Záchia. Compuseram a Mesa: os Vereadores José Fortunati e Paulo Brum, respectivamente Presidente e 2° Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Wilton Melo Garcia, Presidente da Federação Nacional das Forças Internacionais de Paz da Organização das Nações Unidas – ONU – e da Organização dos Estados Americanos – OEA – Região Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, membro do Conselho Superior da Associação Brasileira de Integrantes do Batalhão Suez – RS e membro do 20° Contingente do Batalhão Suez; o General-de-Divisão R1 Flávio Oscar Maurer, Integrante do 20° Contingente do Batalhão Suez; o Senhor Aroldo Tadeu Freitas da Silva, Presidente da Associação Brasileira de Integrantes do Batalhão Suez – RS. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Fernando Záchia externou sua saudação ao trigésimo quinto aniversário de retorno do Batalhão Suez, historiando a participação desse Batalhão em missões de paz no Oriente Médio, ocorridas em mil novecentos e cinqüenta e sete, no sentido de evitar confrontos no entorno do Canal de Suez, localizado no Egito, e destacando que esse Batalhão foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de mil novecentos e oitenta e oito, concedido às Forças de Paz das Organização das Nações Unidas – ONU. O Vereador João Bosco Vaz exaltou a participação do Batalhão Suez na realização de atividades militares tendentes à manutenção da paz nas imediações do Canal de Suez, em razão de conflitos gerados pela nacionalização desse canal, originalmente de propriedade privada, promovida pelo General Gamal Nasser, Presidente do Egito. Nesse sentido, afirmou ser a manutenção da paz uma tarefa mais difícil do que a promoção da guerra. O Vereador Pedro Américo Leal cumprimentou os ex-integrantes do Batalhão Suez pelo transcurso do trigésimo quinto ano de retorno desse Batalhão ao Brasil, analisando dados alusivos às atividades operacionais desenvolvidas pelo mesmo, destinadas a evitar conflitos na região do Canal de Suez e salientando a coragem e a tenacidade com que os membros desse Batalhão cumpriram suas missões durante o período em que durou o conflito. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao General-de-Divisão R1 Flávio Oscar Maurer e ao Senhor Wilton Melo Garcia, que destacaram a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre aos trinta e cinco anos de retorno do Batalhão Suez. Às quinze horas e quatorze minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e dezenove minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Nereu D’Avila leu trechos de decisão judicial relativa a ação interposta pela Bancada do PT neste Legislativo, contra decisão tomada por esta Casa, a qual garantiu a presença de todos os partidos políticos na Comissão Especial constituída para analisar a implantação do Departamento de Previdência Social dos Servidores do Município. Nesse sentido, mencionou decisão prolatada pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou inconstitucional a cobrança de contribuição previdenciária de funcionários municipais aposentados. O Vereador Estilac Xavier contraditou o pronunciamento efetuado pelo Vereador Nereu D’Avila em Grande Expediente, no que tange à decisão exarada pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou inconstitucional a cobrança de contribuição previdenciária sobre os rendimentos de funcionários aposentados do Município de Porto Alegre. Também, manifestou-se sobre sentença judicial relativa à formação de Comissões Especiais na Câmara Municipal de Porto Alegre. A Vereadora Maristela Maffei teceu considerações sobre a forma como os laboratórios farmacêuticos estão atuando no País, analisando a influência da atuação dessas empresas no cenário econômico e social brasileiro. Nesse sentido, abordou dados alusivos ao funcionamento dos Postos de Saúde da Família existentes em Porto Alegre, enaltecendo as práticas preventivas de saúde promovidas por esses postos, especialmente quanto à prestação de orientações sobre saneamento básico e saúde familiar. O Vereador Marcelo Danéris teceu considerações sobre aspectos atinentes à instalação de Comissão Especial destinada a avaliar a implantação do Departamento de Previdência dos Funcionários do Município de Porto Alegre, defendendo a tese de fixar em onze o número de integrantes dessa Comissão e afirmando a necessidade de que seja observada a proporcionalidade partidária na composição dessa Comissão. Também, lamentou a decisão judicial que viabilizou a abertura do comércio aos domingos em Porto Alegre. O Vereador Luiz Braz reportou-se a declarações prestadas durante encontro mantido entre Sua Excelência, o Vereador Estilac Xavier e integrantes do Clube de Mães Machado de Assis, que afirmavam que o Vereador Estilac Xavier teria intercedido junto ao Executivo Municipal para obter perdão fiscal de parcelas em atraso do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU - devidas pela referida entidade, discorrendo sobre as principais normas em vigor que se referem ao tema. Durante seu pronunciamento em Grande Expediente, o Vereador Luiz Braz formulou Requerimento verbal, solicitando o cumprimento do disposto no artigo 113, § 2°, da Lei Orgânica Municipal, que versa sobre a publicação periódica, pela Câmara Municipal de Porto Alegre, de relação de beneficiários de incentivos tributários. Na ocasião, foi apregoada a Subemenda n° 01, de autoria da Vereadora Maria Celeste, à Emenda n° 01 aposta ao Projeto de Lei do Legislativo n° 050/02 (Processo n° 1142/02). Às dezesseis horas e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e onze minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Isaac Ainhorn discorreu sobre decisão exarada pelo Poder Judiciário, contra decisão tomada por esta Casa, a qual garantiu a presença de todos os partidos políticos na Comissão Especial constituída para analisar a implantação do Departamento de Previdência Social dos Servidores do Município. Também, comentou decisão liminar prolatada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que viabilizou a abertura do comércio aos domingos na Cidade. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Estilac Xavier analisou as decisões em caráter liminar, proferidas pelo Poder Judiciário Estadual, relativas à questão do horário de funcionamento do comércio municipal. Também, enfatizou que os pequenos e médios lojistas, responsáveis pela maior parte dos empregos no setor, sofrerão prejuízos caso se estabeleça, definitivamente, a permissão para o funcionamento em domingos e feriados. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Haroldo de Souza reportou-se à suspensão ocorrida na presente Sessão por ocasião de falhas na transmissão da TV Câmara, manifestando-se contrário a esse procedimento. Também, referiu-se ao impasse gerado em torno do horário de funcionamento do comércio local, defendendo a abertura das lojas aos domingos e feriados como fator de geração de novos empregos. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Fernando Záchia prestou informações sobre os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos pela Comissão Especial que está analisando a viabilidade da implantação de nova linha de metrô em Porto Alegre. Nesse sentido, considerou a conclusão dos estudos técnicos por parte da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC - um passo importante para a definição do início dessas obras. O Vereador Sebastião Melo teceu críticas à Administração do Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU, alegando ter havido irregularidades em licitações realizadas por esse Departamento durante os últimos anos. Também, questionou o destino dado à documentação referente à Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou possíveis irregularidades na aquisição de incineradores de lixo no ano de mil novecentos e noventa e um. O Vereador Sebastião Melo, em tempo cedido pelo Vereador Isaac Ainhorn, deu prosseguimento ao seu discurso, registrando que solicitou, formalmente, à Presidência da Casa, informações acerca da documentação existente sobre a referida CPI. Também, continuou a tecer considerações acerca de antigas licitações conduzidas pelo DMLU, afirmando ter havido falhas deliberadas nesses processos com o objetivo de favorecer a Empresa Coletora de Resíduos Limitada - CORES. O Vereador João Antonio Dib analisou manifestações dos Senhores Vereadores, relativas a decisões judiciais incidentes a assuntos afetos à Casa, lembrando não caber à Câmara Municipal de Porto Alegre questionar os feitos do Poder Judiciário. Também, relativamente ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 001/02 (Processo nº 0692/02), aconselhou o aperfeiçoamento do Regime de Previdência dos Servidores de Porto Alegre, já existente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion apresentou dados estatísticos referentes aos impactos ambientais havidos no Planeta nos últimos dez anos. Também, lamentou a aprovação, pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, de Emenda Constitucional, a qual permite a realização de queimadas como técnica agrícola para a preparação de terrenos para a semeadura e o plantio. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Paulo Brum pronunciou-se sobre a legislação federal relativa à reserva de vagas a portadores de deficiências físicas em empresas privadas e denunciou a existência de casos de desrespeito a essa Lei. Nesse sentido, anunciou a remessa de documento à Deputada Federal Yeda Crusius, pleiteando a intervenção de Sua Excelência junto ao Ministério do Trabalho no sentido de viabilizar a aplicação desse dispositivo legal. O Vereador João Carlos Nedel, exibindo painel com fotografias de obras públicas, localizadas nos Bairros Jardim do Salso e Restinga, questionou a situação dessas obras e perquiriu os motivos pelos quais as mesmas ainda não foram concluídas. Ainda, solicitou providências dos órgãos competentes para a conclusão das obras iniciadas nas Vilas Divinéia e Mato Sampaio. O Vereador Juarez Pinheiro, analisando a decisão judicial relativa à ação interposta pela Bancada do PT neste Legislativo, contra decisão desta Casa, a qual garantiu a presença de todos os partidos políticos na Comissão Especial constituída para estudar a implantação do Departamento de Previdência Social dos Servidores do Município, asseverou que a prioridade deve ser a viabilização desse Departamento. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz, referindo-se ao tema abordado pelo Vereador Juarez Pinheiro em seu pronunciamento, afirmou que o prazo restante para estudar a implantação do Departamento de Previdência Social dos Servidores do Município é exíguo. Nesse sentido, propôs sejam os efeitos da Lei Complementar Municipal nº 466/01 prorrogados por mais seis meses. O Vereador Marcelo Danéris, abordando os assuntos tratados pelos Senhores Vereadores nos pronunciamentos desta Sessão, afirmou que a proposta de prorrogação do prazo da Lei Complementar Municipal nº 466/01, proposta pelo Vereador Luiz Braz, deve ser sobrepensada. Também, manifestou a contrariedade da Bancada do PT à manutenção da liminar que viabiliza a abertura do comércio aos domingos e feriados. O Vereador João Antonio Dib, aferindo a proposta de prorrogação do prazo de vigência da Lei Complementar Municipal nº 466/01, sugerida pelo Vereador Luiz Braz, asseverou que a relevância dos estudos que norteiam a implantação do Departamento de Previdência Social dos Servidores do Município exige seja o alargamento do prazo dessa Lei avaliado criteriosamente. Nesse sentido, saudou o Vereador Luiz Braz pela iniciativa. Na ocasião, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Pedro Américo Leal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 142/02 (Processo nº 2387/02) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo, referindo-se ao pronunciamento do Vereador Marcelo Danéris, discursou acerca da importância deste Legislativo averiguar denúncias de irregularidades na compra de incineradores de lixo, pelo Executivo Municipal, no ano de mil novecentos e noventa e um. Também, discorreu sobre a tramitação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 001/2 (Processo nº 0692/02), que dispõe sobre o Regime de Previdência dos Servidores Públicos Municipais. O Vereador Cassiá Carpes teceu considerações a respeito da possibilidade de realização de segundo turno nas próximas eleições gerais, especialmente no que tange à definição dos cargos de Governador do Estado e Presidente. Ainda, manifestou-se contrariamente à proposta do Senhor Ciro Gomes de fundar o Partido Trabalhista Nacional, defendendo a manutenção da sigla do Partido Trabalhista Brasileiro - PTB - e aludiu às condições de infra-estrutura de estradas no interior do Estado do Rio Grande do Sul. Na oportunidade, o Vereador Marcelo Danéris manifestou-se sobre o pronunciamento efetuado pelo Vereador Cassiá Carpes em Comunicação de Líder. Às dezessete horas e cinqüenta e nove minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Marcelo Danéris, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, João Carlos Nedel, Paulo Brum e Elói Guimarães, este nos termos do artigo 13, § 2º, do Regimento, e secretariados pelos Vereadores João Carlos Nedel e Paulo Brum. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Encontra-se conosco o Dep. Airton Dipp, que nos dá a honra de sua presença, sinta-se à vontade em nossa Casa. O Deputado faz um belíssimo trabalho em Brasília em nome do Estado do Rio Grande do Sul.

Neste momento, a Câmara Municipal de Porto Alegre dá início à entrega de premiação da 6.ª edição do Concurso Sioma Breitman de Fotografia, ano de 2002.

Já se encontram presentes, compondo a nossa Mesa, dando-nos a honra da sua presença, os senhores Irineu e Samuel Breitman, filhos de Sioma Breitman.

O Ver. João Antonio Dib, autor do Projeto de criação do Concurso Sioma Breitman de Fotografia, está com a palavra.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, meus caros Dr. Samuel Breitman e Irineu Breitman, herdeiros de Sioma Breitman. A história da Cidade registra as pessoas que marcaram a sua passagem por esta Porto Alegre querida. Muitas não nasceram aqui, como Sioma não nasceu, outros nasceram aqui, marcam a sua passagem pelo trabalho, pela dedicação, pelo amor à Cidade e por levarem o nome de Porto Alegre para além das nossas fronteiras. Sioma foi uma dessas figuras, foi um artista da fotografia que levou o nome de nossa Cidade a diferentes países, venceu em concursos, com fotografias extraordinárias, no tempo em que as máquinas fotográficas não eram as que são usadas hoje. Por isso esta Casa, acertadamente, na semana que comemora o aniversário da Câmara – e esta vez com alguma antecedência -, tem feito um concurso de fotografias em preto e branco, no qual o artista tem de revelar realmente as suas possibilidades, com assuntos referentes a nossa Porto Alegre, possibilitando assim que encontremos fotógrafos que amem a Cidade e que revelem as belezas desta Cidade extraordinária, que todos nós não cansamos de dizer que amamos, e vamos continuar amando, mas que nós queremos ver cada vez mais bonita e que essa beleza seja expressa nas fotos em preto e branco a cada ano. Mais uma vez aconteceu um concurso e agora o Presidente vai revelar os nomes dos vencedores, os prêmios serão entregues, mas a figura de Sioma Breitman, neste momento, está viva entre nós. Saúde e paz! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O prêmio de 1.º lugar, da 6.ª edição do Concurso Sioma Breitman de Fotografia é concedido à Sr.ª Micheli Karoly, que será contemplada com um cheque no valor de 1 mil e 500 reais.

 

(Procede-se à entrega do prêmio à Sr.ª Micheli Karoly.) (Palmas.)

 

O Sr. João Paulo Cauduro Filho receberá o prêmio de 2.º lugar e será contemplado com um cheque no valor de  1 mil reais. Convido o Ver. João Antonio Dib para proceder à entrega do Prêmio de 2.º lugar ao Sr. João Paulo Cauduro Filho.

 

(Procede-se à entrega do prêmio ao Sr. João Paulo Cauduro Filho.) (Palmas.)

 

O prêmio de 3.º lugar será entregue a Eduardo Thum, que será contemplado com um cheque no valor de 500 reais.

Convidamos o Sr. Irineu Breitman para fazer a entrega do Prêmio ao Sr. Eduardo Thum.

 

(Procede-se à entrega do prêmio ao Sr. Eduardo Thum.) (Palmas.)

 

Convidamos para receberem, das mãos de Samuel Breitman, a Medalha e Diploma de Menção Honrosa o Sr. Mauro Shaeffer, o  Sr. Domingos Martins Costa e a Sr.ª Micheli Karoly.

 

(Procede-se à entrega da Medalha e do Diploma de Menção Honrosa ao Sr. Mauro Shaeffer, à Sr.ª Micheli Karoly e ao Sr. Domingos Martins Costa.) (Palmas.)

 

Com a palavra o Sr. Irineu Breitman, que falará em nome da família de Sioma Breitman.

 

O SR. IRINEU BREITMAN: Em nome da família, para nós é um orgulho a reverência e a lembrança do pai, e o agradecimento permanente ao Ver. João Antonio Dib, que é o autor do Projeto que instituiu o Prêmio anual.

O Ver. João Antonio Dib é amigo nosso e colega desde os tempos do Julinho, falou em herdeiro, e os herdeiros reais do velho Sioma são os fotógrafos que mantêm aceso esse interesse, esse entusiasmo pela fotografia. Nós somos simples coadjuvantes e vimos aqui, emocionados, agradecer por esta homenagem que se repete anualmente. Muito obrigado por parte da família. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Queremos agradecer aos Srs. Irineu e Samuel Breitman pela presença. Damos por encerrada esta entrega da premiação aos vencedores do Concurso Sioma Breitman de Fotografia. Informamos que, dentro de breves instantes, será inaugurada no saguão desta Câmara a Exposição da 6.ª edição do Concurso Sioma Breitman de Fotografia.

Vamos suspender os trabalhos por alguns minutos para as despedidas devidas.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h27min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum – às 14h31min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro a V. Ex.ª a possibilidade da inversão da ordem dos trabalhos para passarmos ao Grande Expediente, que hoje será destinado a homenagear o transcurso do 35.º aniversário de retorno do Batalhão Suez.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Srs. Vereadores, em votação o Requerimento do Ver. Fernando Záchia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Srs. Vereadores, o Grande Expediente de hoje é destinado a homenagear o 35.º aniversário de retorno do Batalhão Suez.

Compõem a Mesa o Sr. Wilton Melo Garcia, Presidente da Federação Nacional das Forças Internacionais de Paz da ONU e da OEA - Região Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, membro do Conselho Superior da Associação Brasileira de Integrantes do Batalhão Suez/RS e integrante do 20.º Contingente; O Sr. Flávio Oscar Maurer, General-de-Divisão, integrante do 20º Contingente do Batalhão do Suez. Seja bem-vindo General. Também presente o Sr. Aroldo Tadeu Freitas da Silva, Presidente da Associação Brasileira de Integrantes do Batalhão Suez, Rio Grande do Sul. Sejam bem-vindos.

O Ver. Fernando Záchia está com a palavra em Grande Expediente, como proponente.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É com muita honra que esta Câmara homenageia o Batalhão Suez. Saúdo os integrantes do Batalhão Suez que são os nossos homenageados neste dia, destacando que, no dia 2 de agosto, o 20.º Contingente do Batalhão Suez completaram 35 anos do retorno ao Brasil e a Porto Alegre.

Relembro um pouco os fatos que motivaram essa memorável campanha dos nossos soldados em missão de paz no Oriente Médio que se iniciou em 1957. Em 1954, com a chegada ao poder do então Presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, o Egito desejava construir uma usina hidroelétrica no rio Nilo. A grande barragem de Assuã. Entretanto, Nasser não obteve o apoio necessário para o financiamento dessa grande obra. Em 19 de julho de 1956, os Estados Unidos recusaram-se a participar desse megaprojeto. No dia seguinte, a Inglaterra igualmente retirou a sua ajuda econômica.

Então, em 29 de outubro de 1956, Nasser anunciou a nacionalização da Companhia do Canal de Suez, francesa, que controlava o Canal desde a sua inauguração, em 1869, mediante uma concessão até 1968. O Canal de Suez, com 160 Km de comprimento, reduziu em 9.700 Km a rota entre a Inglaterra e a Índia, ligando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. Nasser assegurou que a receita advinda das taxas de utilização do Canal seria empregada para financiar a construção da represa e proibiu a passagem de navios israelenses pelo Canal.

A atitude do Presidente Nasser desagradou aos ingleses e franceses que mantinham o monopólio sobre essa estratégica via de navegação. Os ingleses e franceses invadiram a zona do Canal, mas os Estados Unidos e a União Soviética se opuseram aos atos de guerra.

Por isso, em 5 de novembro de 1956, através de uma Resolução, a ONU cria a Força de Emergência das Nações Unidas, denominada UNEF, composta de militares do Brasil, Canadá, Índia, Dinamarca, Noruega, Suécia e Iugoslávia. Atendendo a solicitação da ONU, o Exército Brasileiro enviou para o Oriente Médio o 1.º Contingente no ano de 1957. Até 1967 foram dez os anos em que o Batalhão Suez participou da “mais longa missão do Exército brasileiro no exterior”, enviando um total de vinte Batalhões.

De Porto Alegre partiram três Contingentes: o 5.º Contingente, em 1959; o 13.º Contingente, em 1963; e o último, o 20.º Contingente, em 1967, totalizando mil, cento e trinta soldados representando o Rio Grande do Sul.

A missão atribuída ao Batalhão Suez foi tão importante para nossa Pátria que o Governo brasileiro decretou que os serviços prestados pelos nossos soldados seriam considerados como “serviço nacional relevante”.

Os Boinas Azuis, como eram chamados carinhosamente os integrantes do Batalhão Suez, cumpriram rigorosamente a sua missão, que era evitar o confronto entre as duas nações inimigas, observando e patrulhando a área.

Cumpre lembrar que na região onde o Batalhão Suez atuou se encontra o Deserto do Sinai, onde o calor várias vezes ultrapassava a marca dos 50 graus centígrados, durante o dia, e, à noite, essa temperatura caía bruscamente para até 2 graus negativos.

Além das difíceis condições climáticas, os Boinas Azuis enfrentaram todo tipo de dificuldades, como campos minados sem o devido mapeamento, troca de tiros com as insistentes aproximações de facções árabes e incursões da Força Aérea Israelense.

Em 16 de maio de 1967, Nasser se julgou capaz de defender a soberania de seu território e pediu a retirada das forças de paz da ONU. Mas, antes da retirada, os Boinas Azuis da Faixa de Gaza, os ânimos entre árabes e judeus se acirraram novamente e a guerra ficou iminente. Não houve tempo para a montagem de um plano de retirada em caráter de emergência e por isso não foi possível retirar o 20.º Contingente do Batalhão Suez, que ainda se encontrava na área.

Em 5 de julho de 1967, um caça israelense, respondendo a um ataque da aviação egípcia, dá início à chamada “Guerra dos 6 Dias”. Foram os dias mais difíceis, mas, finalmente, em 10 de julho o Batalhão Suez deslocou-se para Gaza, onde foi acantonado no Quartel General da ONU. No dia 12 de julho de 1967, os Boinas Azuis viajaram de Gaza para a cidade de Ashdod, a 14 quilômetros de Tel Aviv, onde embarcaram no navio Soares Dutra, da Marinha do Brasil. Em 2 de agosto de 1967, o 20.º Contingente do Batalhão Suez chegou a Porto Alegre.

Apesar de todas as dificuldades, não houve um só caso de indisciplina por parte daqueles jovens. O reconhecimento internacional veio através da Fundação Nobel, em 10 de dezembro de 1988, que outorgou o Prêmio Nobel da Paz a todos os integrantes do Batalhão Suez, que cumpriram aquela missão de paz.

Recebam todos os integrantes do Batalhão Suez o nosso reconhecimento, o reconhecimento de Porto Alegre. E cumprimento a Associação Brasileira de Integrantes do Batalhão Suez - Rio Grande do Sul, criada em 11 de maio de 1984, por manter vivo e aceso esse espírito de união e amizade fraterna entre os Boinas Azuis. Cumprimento também a todos, e a cada um dos nossos Boinas Azuis, pelos 35 anos do retorno do 20.º Contingente, assim como os Pracinhas do 5.º Contingente e do 13.º Contingente do Batalhão Suez, na pessoa do General-de-Divisão Flávio Oscar Maurer, que foi o Comandante do 2.º Pelotão da 7.ª Companhia do 20.º Contingente; o Presidente da Federação Nacional de Forças de Paz da ONU no Rio Grande do Sul, Wilton Melo Garcia, e o atual Presidente da Associação, Aroldo Freitas da Silva. A todos vocês, que ajudaram a fazer uma das páginas mais lindas do Exército Brasileiro. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra em Grande Expediente por cessão de tempo do Ver. Paulo Brum.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ver. Fernando Záchia, em nome do PDT, quero parabenizá-lo por esta iniciativa, uma iniciativa para resgatar o feito e a cidadania daqueles que foram com a missão em busca da paz. Numa guerra não há vencidos e não há vencedores; numa guerra há sobreviventes. Com certeza o trabalho que os senhores realizaram nessa missão de paz salvou milhares de vidas, salvou famílias inteiras, porque quando se busca a paz, que foi essa a missão que levou os senhores, busca-se, acima de tudo, a tranqüilidade para que as pessoas possam conviver, para que as pessoas possam dialogar. É verdade que não existe paz sem justiça social; é verdade que precisamos avançar, e muito, mesmo nos dias de hoje, em busca da paz. Mas nós nos precisamos transformar em busca dessa paz, e essa transformação, Vereador proponente Fernando Záchia, só tem uma porta para ser aberta, e essa porta só abre por dentro: é a porta do nosso coração, da nossa bondade, da nossa solidariedade e da nossa tranqüilidade. Imagino, hoje, o que não passou pela cabeça dos senhores, quando, há 35 anos, deixaram os amigos, os familiares. Mesmo que fossem em missão de paz, na cabeça de cada um dos senhores, com certeza, estava a semente da dúvida: que cenário iriam encontrar? Que trabalho iriam realizar? O que iriam dizer? O que iriam pregar? Será que iriam convencer? Será que essa missão de paz não poderia, também, se envolver numa guerra que o povo brasileiro mal sabia que estava acontecendo?

Por isso, passados trinta e cinco anos, quero repetir, essa homenagem é necessária para relembrar o feito de brasileiros briosos, dedicados, patrióticos, que, em momento nenhum, pensaram em sair da trincheira; que, em momento nenhum, pensaram em não embarcar ou em desertar ou em ficar com a sua família, porque sabiam da importância de integrar essa missão.

Quero deixar aqui, em nome dos companheiros do PDT, o nosso reconhecimento por essa causa nobre, por essa causa solidária, por essa causa amiga e por essa causa que engrandeceu o nome do nosso País.

Na maioria das vezes, a missão de paz é mais difícil do que ir para o front e guerrear, do que ir lá matar, do que ir lá defender. É muito difícil, numa missão de paz, tentar convencer as pessoas de que a guerra não leva a nada, de que a guerra destrói; as pessoas que estão envolvidas numa batalha não conseguem enxergar, Ver. Juarez Pinheiro, um palmo além dos seus olhos. As pessoas querem vencer, as pessoas querem derrotar, querem matar, elas têm aquela ansiedade da vitória, que é uma vitória que não leva absolutamente a nada.

Portanto, parabéns aos “Pracinhas”, vocês são dignos do nosso reconhecimento. Um beijo no coração de vocês, na alma de vocês, vocês não sabem o quanto são importantes para a história do nosso País. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, demais autoridades já enunciadas, eu hoje assomo à tribuna com uma característica: a de ter preparado vários contingentes a seguirem para Suez.

Era a 1.ª Companhia de Guarda e depois a Companhia da PE que tinham essa dádiva. A Companhia era tropa adestrada, muito disciplinada e, afeita a esses combates estranhos, os combates que, naquele tempo, começavam a surgir, os combates em localidade. Hoje eu saúdo esse Batalhão. Vocês sabem muito o que é o Batalhão Suez: é o 3.º Batalhão do 2.º RI, o famoso “Dois de Ouro”, o “Dois de Ouro”, lá da Vila Militar, que seguia para o Oriente Médio. O Brasil contribuiu para a paz do Mundo, pela primeira vez - se não me engano. Constituíram força de emergência das Nações Unidas, e, lá no Oriente Médio, em Gaza, no deserto do Sinai, foram desencubir-se da missão.

Vejam bem, é preciso realçar para os que naquele tempo eram soldados o que era a vivência no deserto. Parece fácil dizer-se: tropa de paz, os Boinas Azuis. Dessa força, que seguiu no dia 8 de janeiro de 1957 à noite, tenho um relato aqui, do seu Comandante, na Revista do Clube Militar, que vocês devem adquirir, é grátis. Nesta revista, fala de vocês, em duas páginas, o 1.º Comandante, que era o Cel. Iracílio Pessoa, que eu não conheci. O que ele diz de vocês? Da tenacidade que tiveram, o 1.º Contingente principalmente, de dormir em barraca de dez praças, sem possibilidade de sobrevivência ao longo daqueles 50 km, do lado dos palestinos, pois Israel não deu permissão para a tropa ocupar o terreno deles. Israel não deu permissão; foram os palestinos que concederam a possibilidade, de ocuparmos o lado deles: 50 km de faixa que tinham de cumprir todos os dias e todas as noites, com vigilância constante, cerca de 13 km de “terra-de-ninguém”. Por ali não podiam entrar palestinos, não podiam entrar árabes, nem tampouco judeus. E a monotonia dos dias e das noites, apenas de 15 em 15 dias um contato via rádio com a família, se desse. E o avião da FAB que chegava de mês em mês, seis, apenas, seis viagens, trazendo notícias.

Estou recordando aqui a dura vida, monótona, uma vida desesperante. Vocês agüentaram! Por isso é que foram buscar os soldados da Companhia de Guarda e da Companhia de Polícia do Exército. Eram homens preparados, homens inflexíveis. Depois, abriu-se os contingentes, não foram apenas da Companhia de Guarda nem da Polícia do Exército, mas eram homens confiáveis, no início, para se desincumbir da missão.

Vocês têm de contar a história da perseverança, a história que vocês viveram seis meses, alguns até prolongaram e foram a um ano de completo silêncio nas areias do deserto. O que vocês tinham para ver? Nada. E ver nada é muito difícil. Olhar só ver vento, e suar, e vento e areia, e vocês agüentavam. Depois, claro que visitas existiram, mas na maior parte do tempo foi dedicado ao cumprimento da missão. E, no entanto, e ali do lado estavam as pirâmides, o canal de Suez, abrilhantando, contando a história do mundo, mas tinham que cumprir as suas tarefas, suas missões.

E nós estamos reunidos, hoje, aqui, para relembrar o passado, principalmente eu que preparei contingentes, sei o que era exigido desses homens.

E neste momento em que saúdo essa prova de pertinácia que tiveram, lembrado aqui pelo Ver. Fernando Záchia, reverenciando o trabalho que desempenharam e já foi citado na Revista do Clube Militar. Atestam que não estão esquecidos! Estão aqui em duas páginas da Revista do Clube Militar. Na Revista do mês de maio do Clube Militar! O Exército não esquece dos seus homens! Esquece de quem esquece dele, como agora, quarenta e quatro mil soldados foram dispensados, por quê? Ninguém sabe e ninguém explicou – e ninguém explicou! Está na minha garganta! Ninguém explicou até agora! O Presidente da República que explique! Ele é que tem de explicar por não ter 140 milhões de reais para impedir que a tropa fosse dispensada. A não ser que seja plano dele, a não ser que seja plano dele, dispensar o Exército em época de eleições! Não é possível que ocorra isso! Não vem ao caso! Não vem ao caso!

Saúdo vocês! Também tive responsabilidade em preparar parte de vocês e se saíram muito bem! O Exército está orgulhoso pela conduta de vocês. Boa sorte! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Concedo a palavra, com muita honra, ao Ex.mo Sr. Flávio Oscar Maurer, General de Divisão R-1, integrante do 20.º Contingente do Batalhão de Suez.

 

O SR. FLÁVIO OSCAR MAURER: Sr. Presidente José Fortunati e Srs. Vereadores, em particular, dirijo-me ao Ver. Fernando Záchia, autor desta proposta de homenagear o retorno do 20.º Contingente a Porto Alegre, companheiros de diversos contingentes aqui presentes com suas famílias, este é um momento extremamente importante para nós, ex-integrantes do Batalhão de Suez, e esta homenagem muito a propósito está sendo realizada um dia depois do dia 25 de agosto, em que nós homenageamos o Soldado Brasileiro na pessoa do seu patrono Duque de Caixas. O Duque de Caxias, logo após a nossa Independência, foi o grande instrumento da manutenção da integridade nacional e da manutenção da paz. Durante mais de cinqüenta anos, tanto como militar quanto como político, ele exerceu uma luta constante e permanente pela paz. Por onde ele andou neste Brasil, o trabalho dele foi de pacificação. Esse patrono do Exército inspirou o Exército Brasileiro no cumprimento de suas missões ao longo do tempo. O Exército Brasileiro preparado para a guerra é um exército de paz. Em missões internacionais, o Exército Brasileiro já participou de inúmeras, cuja inauguração foi a participação lá no Oriente Médio, lá no Egito com o então chamado Batalhão de Suez que, durante dez anos, já falado aqui, vários contingentes brasileiros – vinte – foram lá cumprir com a sua missão. Depois disso, o Exército Brasileiro participou de missões em Angola, em Moçambique, no Equador, e agora neste momento está com uma tropa no Timor Leste. Todas essas missões, com a participação de contingentes, com a participação de militares e pequenos grupos ainda na América Central, El Salvador, Guatemala. Lá na antiga Iugoslávia, no desdobramento de todo aquele conflito, o Exército Brasileiro teve uma participação importante e reconhecida internacionalmente. Lá em Nova Iorque, nas Nações Unidas, quando se fala dos contingentes brasileiros, dentre os quais já estive e verifiquei com aquelas pessoas o histórico que os contingentes brasileiros deixaram lá, é de grande orgulho para nós todos. Jamais a tropa brasileira, em qualquer momento, em qualquer local, deixou a desejar. Escreveu com letra de ouro a sua passagem em todos esses locais.

Quero, então, antes de passar a palavra ao Wilton Melo, que vai aqui prosseguir nesses agradecimentos, cumprimentar os Vereadores de Porto Alegre, o Ver. Fernando Záchia, que fez essa proposição, dando-nos a oportunidade de nos reunirmos e recordamos o que se passou conosco e com os outros contingentes há mais de trinta e cinco anos fora do Brasil. Orgulha-nos muito, hoje, termos participado dessas missões e trazido de lá uma Menção Honrosa, que ficou caracterizada, posteriormente, quando nos foi outorgado o Prêmio Nobel de Paz. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Sr. Wilton Melo Garcia, Presidente da Federação Nacional das Forças Internacionais de Paz da ONU e da OEA, da Região Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, está com a palavra.

 

O SR. WILTON MELO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Antes de iniciar, eu gostaria que esta nossa homenagem fosse extensiva, especialmente, ao 5.º Contingente, que também, nesta mesma data, faz 42 anos de regresso. Mas isso, naturalmente, é extensivo a todos os demais contingentes. Lembro da emoção de 35 anos atrás, quando, a serviço da paz mundial, iniciávamos a nossa participação na Força de Emergência das Nações Unidas. Nessa participação, uma enorme responsabilidade: representar o Exército Brasileiro numa das suas tantas nobres e gloriosas missões. Falar sobre esse evento é falar sobre a história de um punhado de jovens, que, no auge das suas juventudes, entregaram-se material e espiritualmente à preciosidade de uma causa que o mundo inteiro até hoje enaltece e admira. Falar de tudo isso é relatar as imensas adversidades pelas quais passou o Batalhão de Suez desde a sua chegada até a sua retirada da missão, com a eclosão da Guerra dos Seis Dias. Ali, o inaceitável fim. Inaceitável, porque quem um dia empenhou-se em tão nobre missão só aceitará esse fim no dia em que lhe fugir o último suspiro; pois, enquanto bater o coração de um soldado Boina Azul, esses batimentos serão os compassos do desejo que têm esses missioneiros pela constância da paz, da união, da fraternidade entre os povos.

Falar dessa missão é discorrer sobre o local onde operava o nosso Batalhão de Suez. Numa das regiões mais endêmicas do mundo, ante a presença de doenças infecto-contagiosas, num clima absurdamente hostil, as pesadas tempestades de areia, o idioma, os costumes, as patrulhas noturnas, os campos minados, as constantes incursões aéreas entre os beligerantes e tantas outras adversidades. Não há como falar dessa missão sem evidenciar os horrores da Guerra dos Seis Dias, uma guerra cruel que trouxe, na sua essência, a destruição não só material, mas como de resto, ceifou a vida de milhares de inocentes. O aniquilamento em massa de seres humanos estava ali explícito e bem diante dos nossos olhos: gritos de crianças correndo sem saber para onde, mães abraçadas a filhos ensangüentados, soldados saindo dos carros de combate feito tochas humanas e a máquina de guerra continuando a sua trajetória estúpida e absurda.

Seis de junho de 1967, 9h40min, as posições brasileiras são seriamente bombardeadas em todas as suas frentes; primeiro, pela força aérea; depois, pela artilharia e, finalmente, pela infantaria israelense que, confundindo-nos com o inimigo, faz prisioneiros de guerra duas Companhias do nosso Batalhão de Suez. A situação de prisioneiros só seria revista dois dias depois, quando os militares israelenses obtiveram a certeza de que éramos realmente brasileiros da ONU. Nem mesmo diante desses imprevistos houve um só ato de insubordinação, um só ato de indisciplina que porventura pudesse macular a honra e a dignidade do Exército Brasileiro.

No primeiro dia de guerra, as trágicas notícias: de doze companheiros brasileiros feridos, cinqüenta e um iugoslavos, mais de trinta indianos, colegas nossos boinas-azuis mortos. Nesse dia também a mais trágica notícia: estava morto o nosso Cabo Carlos Adalberto Ilha de Macedo; um menino alegre que entristeceu a história do nosso 20.º Contingente.

O Batalhão de Suez, senhoras e senhores, era feito de especialistas, todos tinham conhecimento pleno da função para a qual foram escolhidos e, no seu último momento, o Cabo Carlos Adalberto Ilha de Macedo dá a sua demonstração de que conhecia muito bem a sua função de enfermeiro. Atingido por dois tiros, quando socorrido pelo Capitão-Médico, ele ainda encontra forças para dizer: “Acabou, não há mais nada o que fazer por mim.”

A Guerra dos Seis Dias começara de forma surpreendente. Não houve tempo para se planejar a abortagem da missão. Absolutamente não nos interessa apontar os responsáveis, essa tarefa não se relaciona com a nossa competência.

Mas é da nossa competência, sim, a iniciativa de rebatermos veementemente qualquer manifestação ou insinuação que desonre essa missão. Manifestações como essas de que a Missão Suez teria sido, um dia, um objeto único de conveniência e de turismo, ou de que o último contingente que lá esteve, saiu de lá afugentado pelos árabes ou ainda a mais sórdida de todas as manifestações proferida irresponsavelmente por um Parlamentar representante do povo, entre aspas, ao dizer, publicamente que a única baixa que existiu no Batalhão de Suez foi a do cozinheiro que, por descuido, deixara a panela de pressão explodir no seu rosto. O Cabo Ilha conhecia muito bem a sua função, eu não sei se esse Parlamentar conhece pelo menos um pouquinho da sua.

Aprendemos nessa missão a valorizar uma das coisas mais importantes do povo brasileiro, que é, quem sabe, a sua maior riqueza: quanto vale esta paz que, graças a Deus, se eterniza em nossa Pátria. Foi desse valor descoberto que nasceu dentro de cada um de nós este enorme amor por essa Mãe Terra, este enorme amor por esta Mãe Pátria. Esta Mãe que, por vezes, vê alguns dos seus filhos tratá-la tão inconseqüentemente, desses filhos, que, agarrados às suas mamas, profanam esta Mãe, em nome do néctar da soberba e do enriquecimento ilícito. Esses velhos soldados que aí estão amam esta Pátria, porque aprenderam a amá-la e a respeitá-la. Amam esta Pátria e nunca a envergonharam.

A justa Themis é cega, mas não tem deficiência de olfato. Assim, no dia que ela sentir o cheiro dessa “boina-azul”, com certeza haverá de aconselhar esta Mãe Pátria para que esta, com seu materno instinto de gratidão, ofereça a esses bravos, nem que seja nos seus últimos dias, um aconchego no seu colo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Quero, em nome da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Vereadores, dizer da nossa alegria em termos recebido nesta tarde todo este contingente de ex-integrantes do 20.º Contingente do Batalhão de Suez.

Sou filho de Expedicionário da FEB e sei exatamente da importância que teve a Expedição do Batalhão de Suez para que este País, mais uma vez, representasse o povo brasileiro nessa luta incessante na busca da paz. Vocês todos têm o nosso reconhecimento. O reconhecimento da Câmara Municipal de Vereadores que, nesta tarde, pela bela iniciativa do Ver. Luiz Fernando Záchia, faz esta justa homenagem a vocês.

Também quero cumprimentar, de forma muito especial, o Deputado Federal Airton Dipp que, em Brasília, tem procurado de todas as formas traduzir, o pensamento de todos nós, que desejam dar aos integrantes do Batalhão de Suez o reconhecimento devido, fazendo com que os mesmos possam ter os direitos que tiveram os Expedicionários da FEB e ser estendidos a todos vocês. Os nossos cumprimentos, a nossa gratidão e o nosso reconhecimento. Muito obrigado.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h14min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum – às 15h19min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente em exercício Paulo Brum, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras. Quero lamentar a atitude do Partido dos Trabalhadores que agora está rescindindo em adentrar na Justiça por qualquer problema pertinente ao processo legislativo ou as coisas legislativas. Sobre a Previdência, não conformada – a Bancada do Partido dos Trabalhadores - com a decisão desta Casa, deste Plenário que é soberano, pelo respeito a todas as Bancadas da Casa, peticionou à Vara da Fazenda e obteve decisão favorável a ele – Partido dos Trabalhadores – e contrário à Câmara Municipal.

Quero lamentar também que o Poder Judiciário, a quem eu respeito, porque não poderia ser de outra forma, até como advogado que sou, mas quero lamentar que aquilo que não vinha ocorrendo, que o Poder Judiciário interferisse no comportamento interna corporis e na autonomia deste Parlamento.

O Sr. Juiz Almir Porto da Rocha Filho, da 4.ª Vara da Fazenda Pública do Fórum Central – 1.º Juizado – tomou decisão lastreado no Regimento da Casa, mas, evidentemente, interferindo numa decisão da Comissão de Constituição e Justiça, que teve a ratificação deste Plenário, portanto era uma decisão da instituição Câmara de Vereadores. Mas é claro que a Justiça é soberana.

Mas o senhor Juiz ainda teve, na sua sentença nobre, de dar um puxão de orelha nos Vereadores dizendo, no final da sua breve sentença, que, - leio a manifestação do Almir Porto da Rocha Filho: “Caso não estejam os Edis satisfeitos com o teor do Regimento a que devem subordinar-se, podem providenciar na sua alteração, que está prevista no art. 82, § 1º, II da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. Descabe, entretanto, desrespeitar o teor da norma em vigor. Ainda mais quando se trata de Poder que deve dar o exemplo, já que tem responsabilidade de fazer leis, não se admitindo que descumpra as suas próprias.”

É um puxão de orelha nesta Casa, e eu rendo as minhas homenagens à sapiência do ilustre Magistrado Almir Porto da Rocha Filho. Se bem que, ao final, em negrito, decide: “Saliento, contudo, que tal decisão não impede que o próprio Poder Legislativo corrija o seu equívoco, constituindo nova Comissão Especial que siga as regras do Regimento da Câmara Municipal, em especial o número máximo de 11 membros em sua composição e o critério da proporcionalidade partidária.”

Ainda bem, Sr. Juiz, que V. Ex.ª nos dá o benefício da dúvida e de nós nos recompormos. V. Ex.ª, sem dúvida, é um ilustrado 34.º Vereador da cidade de Porto Alegre, sem votos, mas com competência no egrégio Poder Judiciário deste Estado que, repito, respeito e venero.

A respeito disso, quero trazer, agora, uma outra questão a respeito da previdência. Na semana passada, segunda-feira passada, portanto, uma semana, em decisão do Pleno Tribunal de Justiça - um pouquinho acima do Dr. Almir, ou seja, o órgão máximo julgador do Estado do Rio Grande do Sul, decidiu e é irrecorrível, por 20 votos a 5, que é vedada a cobrança da aposentadoria aos funcionários aposentados, que o Sr. Tarso Genro, Prefeito Municipal da época, insistiu em colocar e que se transformou na Lei n.º 466/01. Portanto, o Tribunal de Justiça, por 20 votos a 5, anulou o dispositivo da Lei n.º 466/01 aprovada por esta Casa, diferentemente da decisão do Dr. Almir é o Tribunal de Justiça com a percuciência dos seus 25 desembargadores, que respeito, repito, pela enésima vez. Então, os cento e treze funcionários aposentados da Câmara que adentraram no Tribunal de Justiça vão receber de outubro ou novembro do ano passado até agora o que lhes foi tomado pela municipalidade como aposentados que eram, como também, a partir de agora, hoje deve estar sendo publicada a ata dessa Sessão memorável do Tribunal de Justiça, a partir da publicação hoje e amanhã, os aposentados não precisarão mais pagar a Previdência. A grande novidade que anuncio desta tribuna é que os demais funcionários municipais aposentados que não foram contemplados, eu, como Vereador de Porto Alegre, solicito desta tribuna e vou solicitar formalmente por escrito à egrégia Assembléia Legislativa que faça valer o art. 53 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul: “Compete exclusivamente à Assembléia Legislativa, além de outras atribuições previstas nesta Constituição, inciso XIII: suspender no prazo máximo de 30 dias, no todo ou em parte, a execução de Lei Estadual ou Municipal que o Tribunal de Justiça declarar em caráter definitivo inconstitucional em face desta Constituição.” O Tribunal declarou, por 20 votos a 5, inconstitucional a cobrança para os aposentados da previdência. Para que valha erga hominis, ou seja, a lei dos que peticionaram que foram os funcionários desta Casa, que já estão isentos desta contribuição a partir de hoje ou amanhã, quando for publicado o acórdão, os demais a partir da Assembléia Legislativa a quem repito que vou solicitar que, imediatamente, dentro dos próximos 30 dias execute o art. 53, inciso XIII, por meio de Projeto de Resolução, ou seja, o que for para suspender no todo ou em parte a Lei n.º 466/01, porque, a partir da decisão irrecorrível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, estão isentos todos os funcionários municipais aposentados do pagamento da previdência para o município de Porto Alegre.

 

Muito obrigado, Sr. Presidente, pela deferência.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra em Grande Expediente por cessão de tempo da Ver.ª Maria Celeste.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, o assunto que traz o Ver. Nereu D’Avila a respeito da Previdência é um assunto importante, ele chegou até a noticiar a medida do Tribunal de Justiça a respeito dos aposentados. Ora, esse assunto é matéria no Supremo, e nunca foi estranho ao nosso Partido e não tem nada a ver com a Lei n.º 466/01 aprovada aqui, porque nós dissemos que na medida que houver uma compreensão do Supremo de que não tenha contribuição dos aposentados, assim será. Aliás, nem era contribuição nos termos de que ela fosse criada, era alíquota já paga dos 4,75% tão somente para as pensionistas. Então são duas coisas diversas. Eu acho que o Ver. Nereu D’Avila cometeu um pequeno imbróglio quando confundiu contribuição dos aposentados por aposentadoria, quando, na verdade, é contribuição de 4,75% de alíquota para os pensionistas. É isso que está previsto. Mas é também importante, Ver. Nereu D’Avila, aproveitar aqui para dar uma outra informação para a população de Porto Alegre, que tem interesse fundamental, tal como os funcionários, na questão da Previdência. Pois, o Pleno do Tribuna de Justiça, eu assisti junto com o Ver. Nereu D’Avila, porque tínhamos lá um outro interesse do qual nos fomos aliados, que é a questão do comércio e dos comerciários - mas nesse assunto nós somos divergentes de opiniões - nós ouvimos e assistimos o Tribunal de Justiça por unanimidade retirar do texto da Lei n.º 466/01 a expressão “ad referendum servidores públicos municipais”, que era imposto pelo art. 1.º, que determinava um referendum, por unanimidade, acompanhando o voto do Relator, eminente Desembargador Arakem. Portanto, essa também é uma matéria que merece ser anunciada para conhecimento da população, já que a Previdência é de interesse do Município e também dos servidores.

Mas, ainda sobre a previdência, o Ver. Nereu D’Avila, nosso nobre Líder do PDT, criticou o fato de que nós, do PT, na verdade, foram dois Vereadores da nossa Bancada, o nobre Ver. Juarez Pinheiro e este que aqui fala, ingressamos com pedido de liminar na Vara da Fazenda Pública sobre a decisão deste Plenário, que rompeu com o Regimento, constituindo uma comissão de treze vereadores, desrespeitando a proporcionalidade. Ora, o Presidente desta Casa Ver. José Fortunati já tinha dado o seu voto, que era de onze. A sua decisão foi recorrida à Comissão de Constituição e Justiça, e, depois, o Plenário, por decisão política, adotou a posição da Comissão de Constituição e Justiça, derrotando a decisão do Presidente da Casa.

O Regimento é a lei interna, e quando ela é rompida, por maiorias ocasionais, a minoria vai fazer uma interpretação num outro fórum, um terceiro, e esse terceiro é o Judiciário. E o Sr. Juiz da Fazenda Pública, Dr. Almir Porto da Rocha Filho, da 4.ª Vara da Fazenda Pública, disse aquilo que nós gastamos o latim aqui, falando para os Vereadores, escrevendo, no nosso voto em separado. O Regimento diz o seguinte: nós temos, aqui na Casa, Comissões de até onze membros, e tem que respeitar o critério da proporcionalidade, aliás, é do texto da Constituição. Como pode se colocar numa Comissão, Ver. João Antonio Dib, a expressão desta Casa na sua pluralidade, desrespeitando a proporcionalidade. Foi o que foi feito. Uma Bancada de nove, como a Bancada do PT, ficou reduzido a um, quando deveria ter quatro; uma Bancada de seis, como é a Bancada do PDT, do Ver. Nereu D’Avila, que tem seis e deveria ter dois, estava reduzido a um. As Comissões ficaram reduzidas à pura representação partidária, vale dizer: se for representação partidária, todos os Partidos são iguais. Se todos são iguais, não interessa o número que eles tenham. Essa foi a base do voto do nobre Relator, naquela oportunidade, Ver. Luiz Braz, sustentando a idéia de que a representação partidária, neste caso, era superior à proporcionalidade. Essas matérias são controvertidas. Agora, não posso deixar de mencionar aqui o que o Ver. Nereu colocou. Ocorre que o Judiciário, no caso o Juiz Almir Porto da Rocha Filho, deu uma opinião liminar a respeito de um pedido de dois membros desta Casa, e acho que ele foi, de certa forma, ironizado. Não é correto fazer isso. Eu tenho, por exemplo, absoluta discordância com a decisão do Pleno do Tribunal de Justiça com relação ao conteúdo da manutenção da liminar para a abertura do comércio aos domingos - e nós entramos com Agravo Regimental e não conseguimos reverter –, e nem por isso saí a ironizar. Ao contrário, disse que respeito àquela decisão, mas tenho diferenças de mérito. E isso vamos discutir, inclusive com o Tribunal, a partir das representações que serão feitas. Quando da publicação do acórdão, Ver. Sebastião Melo, a primeira coisa que devemos fazer – V. Ex.ª que também é um lutador desta causa – é ir ao Supremo e interpor um Recurso Extraordinário, para fazer valer a mesma coisa que aconteceu em Brasília. Então, o Judiciário, se quisermos um Estado democrático, deve estar acima dessas questões, mas, ao mesmo tempo, deve ter respeitadas suas decisões, concordando-se ou não com elas. E não se pode acusar o PT, porque ele exerceu um legítimo direito de procurar a interpretação que achava correta no Judiciário. A matéria está em aberto, e, certamente, os interessados que têm opinião diversa irão recorrer, vão apresentar agravo no Tribunal de Justiça, e a matéria será resolvida pelo Pleno. Mas, antes disso, gostaria só de alertar para o seguinte: se os Vereadores não cumprem seus próprios regimentos e os interpretam ao sabor do calor político e das maiorias ocasionais, não há leis. Se não há lei, não há previsibilidade; se não há previsibilidade, não há segurança jurídica nos atos que esta Casa produz. Aliás, não é o primeiro. Se pudéssemos, faríamos aqui, com o tempo que já está esgotado, um elenco das medidas que romperam com o Regimento para as quais o Judiciário, a pedido de um ou outro Vereador, colocou a interpretação correta. Aí, sim, tivemos a democracia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra em Grande Expediente.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, este momento de Grande Expediente é de tema livre. Mas, mesmo quando temos tema livre, existem algumas coisas que temos de aprofundar. E este realmente é um momento especial. Eu queria aqui me valer de um tema que considero fundamental para a nossa sociedade. Todos nós sabemos que vivemos um momento de um processo de inversão profunda de valores. As indústrias, por exemplo, contabilizam a durabilidade das peças, tanto na área automobilística quanto na de eletrodoméstico ou em qualquer outro setor, todos eles contabilizam o tempo de durabilidade, o rodízio que isso vai fazer na ciranda financeira. É dessa forma que as coisas se dão. Infelizmente, a questão da globalização tem arredondado as coisas por baixo. Na saúde nós também estamos vivenciando isso. As multinacionais farmacêuticas também têm arredondado e têm globalizado as questões da contabilidade dos empobrecidos e adoecidos, de forma a fazer uma política, através dos meios de comunicação, com uma propaganda muito agressiva da automedicação, da forma que as pessoas hoje estão fazendo a sua qualificação em termos de qualidade de vida. No nosso País, onde a grande maioria hoje passa por um processo de envelhecimento, temos os nossos aposentados que, além da miséria que recebem como salário, gastam 70% do seu rendimento – se dá para considerar rendimento – em medicação.

Uma vez nós fizemos uma discussão aqui e alguns Vereadores que hoje, inclusive, se dizem socialistas riram de um comentário que nós fizemos em relação a isso. Eu espero que agora, com essa nova faceta de partido, possam ter aprendido alguma coisa com isso, ou seja, que o sistema capitalista tem no seu cerne exatamente isto: trocar o ser pelo ter, sem estar preocupado, na verdade, com a figura do ser humano. Por que fiz esta introdução inicial? Porque nós temos, na verdade, um processo na cidade de Porto Alegre e também no Estado dos chamados PSF, que são os Postos de Saúde Familiar, em que se faz um trabalho nas comunidades, principalmente nas periferias, com o chamado médico de família, em que os agentes comunitários fazem o cadastramento de toda a população da Cidade e ali as pessoas são atendidas de forma a ter todo um histórico familiar e poder fazer uma prevenção não apenas no sentido curativo, mas também no sentido de saber que a questão da saúde não consiste apenas em quando a gente vai para uma fila para ser medicado, mas consiste, sim, também, na prevenção através do saneamento básico, através da água qualificada, através da segurança alimentar. É nesse processo que envolvemos a comunidade, sobre o qual também todos os cidadãos acabam opinando, ajudando, assim, a construir esse novo saneamento cultural, que não é apenas o saneamento básico. Pois pasme, Ver. Isaac Ainhorn, agora está sendo cortada a verba do Governo Federal para os Postos de Saúde Familiar, um dos trabalhos reconhecidos internacionalmente, um dos trabalhos mais sérios de prevenção em relação à saúde do contribuinte, um dos trabalhos mais sérios no sentido da qualificação e da prevenção da saúde pública. Estamos pasmos, e, no dia 29, nós vamos estar no Araújo Vianna, fazendo uma grande mobilização com todas as comunidades envolvidas, com os agentes de saúde, com toda a comunidade de Porto Alegre, para denunciarmos esse grave acontecimento; aliás, mais um corte que veio.

Há pouco tempo nós tivemos cortes fantásticos, com a questão do BNDES e da Caixa Econômica Federal, na questão do sistema de saneamento, do investimento na habitação para pessoas de baixa renda, mas, ao mesmo tempo, nós vimos o BNDES e a Caixa Econômica Federal fazendo financiamentos, como anteriormente, no Governo de Antônio Britto, sobre a questão do PDV; o Governo Olívio Dutra ficou pagando e está pagando ainda três vezes a dívida do Plano de Demissão Voluntária, principalmente na área da Segurança e na área da Educação. Pois agora estamos pagando esse mesmo preço; enquanto o BNDES faz investimentos fortes nas multinacionais como a GM, como a Ford, cujos sistemas são expulsos da Europa, não existe mais esse tipo de investimento, quando o investimento nas questões das indústrias automobilísticas é revertido e feito no transporte de massas, nós, aqui, estamos com esse caos na cultura do transporte individual.

É nesse sentido que nós temos que denunciar e esclarecer à população de Porto Alegre, do Estado do Rio Grande do Sul, o que a Rede Globo e tantos outros meios de comunicações não têm dito para a população a respeito do que está acontecendo. Passa-se a impressão de que está tudo bem e não foi dito que está havendo esse corte radical da não mais transferência do investimento para a área da saúde nos Postos de Saúde Familiar.

Vejam bem, senhoras e senhores, não apenas em Cuba, que possui um dos melhores atendimentos de medicina do mundo, mas também em países capitalistas, como, por exemplo, na Bélgica e na Suíça, há um trabalho sério nessa área, e nós, aqui, temos esse corte drástico, quando, nas tabelas dos médicos do SUS, dos agentes de saúde, há oito anos não é repassado aumento, também passamos por esse processo, essa responsabilidade passa toda para o Município, como se o Município tivesse que responder a todos os problemas. É bem verdade, Ver. Marcelo Danéris, nosso Líder, que o Município tem a sua responsabilidade, mas a responsabilidade com a estrutura necessária, com a estrutura financeira necessária para os investimentos, e não, apenas, passarem a responsabilidade, como se os Municípios, seja qual for o Partido que está administrando, tenham de arcar com a responsabilidade.

Portanto, cidadãos e cidadãs de Porto Alegre, registro aqui este agravo para que toda a comunidade se mobilize, pois, mais uma vez, está-nos sendo “passada a mão” principalmente na área da saúde, que é fundamental para o cidadão e a cidadã. Está sendo desviado algo fundamental que é o investimento, senhoras e senhores, naquilo que nós temos que ter como priorização para a nossa população, que é cuidarmos da saúde e da prevenção, para que as multinacionais, que têm uma política apenas arrecadatória, não possam mais contabilizar com a mortalidade infantil e, principalmente, dos nossos aposentados. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra em Grande Expediente, por cessão de tempo do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, quero, também, tratar da questão da Comissão Especial da Previdência. Nós tínhamos dito aqui neste Plenário, da última vez - e não foi só na questão da Previdência que nós tratamos disto, mas, desde o ano passado, em todas as Comissões que há nesta Casa e em todos os trabalhos que fizemos -, que uma coisa nós devemos sempre preservar: é o Regimento da Casa. O Regimento, nós queiramos ou não, deve ser respeitado. Nós devemos fazer a disputa política dentro das regras e do Regimento que nós mesmos, Vereadores e Vereadoras da Câmara de Porto Alegre, estabelecemos. Já falamos sobre isso outras vezes; em outros momentos, tivemos que recorrer à Justiça, exatamente para garantir o cumprimento do Regimento. O que é que nós dizíamos dessa vez, sobre o que alertávamos todos os Vereadores aqui? Que uma Comissão Especial para tratar da Previdência precisava ter, no máximo, 11 Vereadores e Vereadoras componentes. Isto é Regimento da Casa: 1/3 da Câmara. Mais do que isso, Ver. Luiz Braz, precisava ter proporcionalidade - isso é uma dedução lógica e democrática -, porque, numa Comissão, deve estar representada a proporcionalidade do que é o Plenário da Câmara, até para que possamos ter, a partir das Comissões, sejam especiais, Comissões de inquérito, temporárias, de qualquer ordem, uma média do que é o Plenário, do que os Partidos pensam na sua proporcionalidade. Agora, foi aprovado aqui, primeiro, que a Comissão não teria 11 Vereadores, como manda o Regimento e, sim, 13 Vereadores. Nós já combatíamos, Ver. Carlos Pestana, que o número de 13 Vereadores não estava de acordo com o Regimento. Mas, não bastasse isso - e este Vereador que aqui fala foi à Comissão defender isso junto aos outros Vereadores -: defendeu-se que, em definindo 13 Vereadores, no mínimo, se mantivesse a proporcionalidade. Mas, também nada da proporcionalidade foi garantida; foi garantido um Vereador de cada Partido. O Regimento da Casa, a Constituição, tudo garante a proporcionalidade, porque esse é princípio básico para que uma Comissão reflita o que é a Câmara de Vereadores. Nada nos estranha, e fomos buscar legitimamente, dentro do Estado Democrático de Direito, os nossos direitos junto à Justiça, visto que todo processo legislativo havia-se esgotado, e o Regimento não havia sido respeitado nesse aspecto. A Justiça confirmou, por liminar, um mandado de segurança impetrado por nós, que deveria de ser 11 Vereadores e com proporcionalidade. Ora, o Juiz não fez nada a mais do que fazer a leitura óbvia do que diz o Regimento e a Constituição, algo que nós defendemos e sobre o que alertamos os Vereadores, aqui, no momento da votação, e que foi posição, se não me engano, da Procuradoria e também posição do Presidente da Câmara. Mesmo assim os Vereadores fizeram recurso, votaram em Plenário, e, obviamente, pesou muito mais uma estratégia política em relação ao Projeto, do que, na verdade, a defesa do Regimento, do seu funcionamento, do seu ordenamento, da proporcionalidade e da representação partidária.

Nós também fizemos o mesmo alerta em relação ao plebiscito que deveria ser feito para a aprovação do Projeto da Previdência. E nós, mais uma vez, vencemos na Justiça, que fazer um referendum ou plebiscito não é constitucional com parte da população interessada diretamente, ou seja, apenas com servidores municipais. Nós alertamos, por várias vezes, que essa Emenda era, na verdade, uma tentativa de barrar a previdência pública, para puxar novamente o debate da previdência privada, depois de já termos vencido uma pauta de discussão e votado que a Previdência em Porto Alegre é pública. Ela foi feita de última hora, numa tentativa de parar o Projeto a partir de um referendum só para uma categoria. A Justiça, o Pleno, por unanimidade, não por 20 a 5, nenhuma dúvida, um voto contrário, por unanimidade, disse que era inconstitucional, o que é óbvio. Isso leva, mais uma vez, a um desgaste desnecessário do cumprimento da Constituição e do Regimento, que tem de ser princípio básico da Câmara de Vereadores. Isso para nós está claro. E sempre que esse princípio for rompido, no Regimento, na legalidade, à Lei Orgânica, na Constituição, nós vamos garantir na Justiça que sejam respeitadas as leis que nós mesmos votamos, aqui, no que se refere ao nosso Regimento, na Lei Orgânica. Os partidos votam: votaram quando fizeram a Constituição e votam quando reformam a Constituição, muitas vezes, inclusive, contra a nossa vontade, alterando dispositivos que foram conquistas de longas lutas, via Constituição de 1988, que agora é muito reformada contra a nossa vontade.

Então, temos que entender, primeiro, que temos de preservar o Regimento; preservar a Constituição, defendê-la; defender as leis que nós mesmos votamos e em que estamos representados, nós, em especial, porque representamos aqui partidos, e partidos estão representados na Assembléia e no Congresso. São leis votadas por todos os partidos.

Por último, queremos lamentar a abertura do comércio aos domingos e fazer um apelo à população de Porto Alegre para que não compre no domingo. Nós estamos fazendo um movimento de defesa dos comerciários e de defesa do pequeno e médio comerciante do comércio de bairro.

Não adianta fazer uma propaganda enganosa de que vão ser gerados cinco mil empregos, abrir cadastro e levar a ilusão a uma série de trabalhadores desempregados.

Nós sabemos que, mesmo que fosse verdade, o que não é - o que não é -, porque a abertura indiscriminada do comércio aos domingos está levando a algo que o Ver. Isaac Ainhorn mesmo denunciou desta tribuna: não estão pagando pelo domingo; não estão fazendo a escala de serviço para o domingo; não estão garantindo a folga; estão abrindo indiscriminadamente, de horário aberto; o comércio pode funcionar 24 horas, não tem regra nenhuma - que a abertura aos domingos gerasse três mil empregos, para cada emprego gerado nos grandes centros comerciais, que são os shoppings, os grupos econômicos mais poderosos, os grande beneficiários dessa decisão, cinco postos de trabalho se perdem no comércio de bairro. Isso leva não só a um desrespeito aos direitos trabalhistas, não só ao desemprego crescente, não só ao crescimento do trabalho informal, como também quebra o pequeno e médio comércio de bairro, que deve ser preservado por nós porque ele garante 70% da nossa economia e 70% da geração de trabalho nesta Cidade.

Isso foi um erro. Nós vamos lutar com todas as armas para reverter esse processo de abertura indiscriminada do comércio aos domingos. A Lei que nós tínhamos era muito melhor e preservava muito mais o interesse de todos os elementos e entidades envolvidos nesse assunto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Reginaldo Pujol em Grande Expediente.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Paulo Brum, presidindo a Sessão; Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, não vou comentar a decisão do Juiz da Vara da Fazenda Pública com relação à possibilidade de fazermos, aqui, uma comissão com 13 Vereadores, dizendo que a Comissão tem que ser com 11, e fazendo a leitura que ele fez do Regimento, porque acredito que decisão do Juiz ou se contesta ou se cumpre. Mas se contesta lá no próprio Judiciário, não adianta eu, aqui, no Legislativo, contestar essa decisão. Só que eu acredito que essa decisão cumprida nesta Casa vai, mais uma vez, calar as minorias. E acho que esse discurso que se ouvia de alguns integrantes da bancada petista, de que deveríamos valorizar a minoria, foi esquecido, porque agora o PT é a grande maioria. Se o PT é a grande maioria, ele quer fazer valer a sua voz aqui como maioria que é. Ouvi do Ver. Estilac Xavier, que é uma pessoa que considero muito, uma afirmação desta tribuna de que apenas ele e o Ver. João Antonio Dib eram pessoas que tinham um conhecimento especial para orientar as pessoas com relação a certas atitudes administrativas na área dos tributos. Desculpe, Ver. Estilac Xavier, admiro-o em algumas áreas, mas acho que foi extremamente vaidoso da parte de V. Ex.ª fazer essa afirmação.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para esclarecer, senão V. Ex.ª, que é um homem percuciente nos argumentos, lastreado numa preliminar, pode chegar a uma conclusão. Eu não disse que era o único; eu disse que tinha uma grande experiência na área da administração executiva, que, na Casa, no momento, encontrava-se também na figura do Ver. João Antonio Dib. Posso até ter-me enganado por um lado ou por outro, mas estive no Executivo por dez ou doze anos, e o Ver. João Antonio Dib foi Secretário, Prefeito. Foi isso que eu falei.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Tenho interesse em dialogar com V. Ex.ª, Ver. Estilac Xavier. Quero voltar a falar em isenções sem fazer alusões àquela nossa atividade no Clube de Mães. Referente ao terreno das isenções, está na Lei Complementar n.º 7 que os clubes de mães são isentos, além de outros, e traz ali o rol de instituições que são isentas. Mas o art. 72 da Lei Complementar n.º 7 diz que essa isenção passa a valer a partir do ano seguinte à solicitação. Quer dizer, para haver isenção, tem de haver um requerimento de solicitação dessa isenção. E é sobre isso que nós estávamos falando naquele dia, quando V. Ex.ª falou que apenas orientou. Mas é sobre isso, e o Processo trata exatamente sobre esses problemas, e eu não quero tratar aqui do Processo; quero apenas dizer a V. Ex.ª que tenho conhecimento daquilo que é relacionado com essa área de tributos. Eu peço a atenção da presidência dos trabalhos, porque vou fazer uma solicitação à Mesa. Na Lei Orgânica do Município, o art. 113 diz: (Lê.) “Somente mediante lei aprovada por maioria absoluta será concedida anistia, remissão, isenção ou qualquer outro benefício ou incentivo que envolva matéria tributária ou dilatação de prazos de pagamento de tributo e isenção de tarifas de competência  municipal.” Diz  o  § 1.º: (Lê.) “A Câmara Municipal deverá avaliar, a cada legislatura...”

Ver. Paulo Brum, V. Ex.ª está presidindo os trabalhos, eu solicito a atenção de V. Ex.ª; Estilac Xavier, V. Ex.ª, naquele dia, na última Sessão, V. Ex.ª acabou discordando da nossa manifestação aqui da Tribuna. (Lê.) “A Câmara Municipal deve avaliar, a cada Legislatura, os efeitos de disposição legal que conceda anistia, remissão, isenção ou qualquer outro tipo de benefício ou incentivo que envolva matéria tributária.” Diz: “A cada legislatura”. “E no § 2.º diz assim: “Os direitos deferidos neste artigo terão por princípio a transparência da concessão, devendo a Câmara Municipal...” Ver. João Antonio Dib, olha o  que fala  o  § 2.º, do art. 113: “Devendo a Câmara Municipal publicar, periodicamente, a relação dos beneficiários de incentivos, respectivos montantes, a justificação do ato concessivo e o prazo do benefício”. Por isso mesmo, Sr. Presidente, estou solicitando que a Mesa da Câmara faça cumprir o art. 113, da Lei Orgânica do Município, faça divulgar essa relação que é uma determinação do art. 113, da Lei Orgânica do Município no seu § 2.º, que diz que deve haver uma publicação periódica dos beneficiários desses incentivos, dessas isenções; os montantes, a justificação do ato concessivo e o prazo do benefício. Peço que a Mesa da Câmara tome as providências para, imediatamente, fazer publicar essa relação. Aliás, Ver. Estilac Xavier, não é culpa minha, nem de V. Ex.ª, nem de nenhum Vereador aqui desta Casa, mas durante todos os últimos tempos nós não tivemos ainda nenhuma vez publicada essa relação de isenções, e essa é uma obrigação da Mesa da Câmara Municipal. Eu quero ver publicada essa relação. Aqui diz que é o período da legislatura, a legislatura são quatro anos. Eu queria pedir para que este ano fosse o primeiro ano que nós tivéssemos aqui a divulgação dessa relação de beneficiários com esses incentivos e com essas isenções até porque, diz a Lei Orgânica, que isso tem de ser transparente, tem de ser do conhecimento geral, não pode, de repente, termos aí várias isenções, vários benefícios sem que haja conhecimento de todas as pessoas, e sem que nós aqui, na Câmara Municipal, que somos fiscais do Executivo, tenhamos conhecimento dos benefícios, das isenções, porque, afinal de contas, é a nossa função, cada Vereador aqui deve saber de cada benefício e de cada isenção que houve, e a Lei Orgânica determina, e não determina para o Executivo, determina para o Legislativo para que o Legislativo cumpra.

Eu estou apenas citando aqui a determinação da Lei Orgânica do Município para que a Mesa da Câmara cumpra com o dever de fazer publicar a lista e a justificativa de todas as isenções. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Apregoamos a Subemenda n.º 01 à Emenda n.º 01, aposta ao PLL n.º 050/02, de autoria da Ver.ª Maria Celeste.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Grande Expediente por cessão de tempo do Ver. Sebastião Melo.

Nós vamos suspender os trabalhos por dois minutos, para que haja condições técnicas na nossa transmissão de imagens.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h06min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 16h11min): Estão reabertos os trabalhos, tão logo foi regularizado o serviço de televisão da Casa.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aqui nesta Casa, como de resto, na vida, nada como um dia depois do outro. Ao Partido dos Trabalhadores eu rendo as minhas homenagens e o meu tributo de reconhecimento pela sua grande capacidade orgânica e de mobilização popular. Ao Partido dos Trabalhadores eu rendo a minha homenagem na pessoa do seu Líder, Ver. Marcelo Danéris, ele é muito volúvel, e dinâmico em relação às suas apreciações sobre o Poder Judiciário. O Ver. Estilac Xavier, quando lhe agrada, quando as decisões são favoráveis aos seus interesses, aos seus pleitos, aos pleitos de seu Partido, rapidamente vem à tribuna saudar a inteligente, a oportuna, a interpretação correta do Magistrado que concedeu a medida em favor da visão dos Parlamentares do Partido dos Trabalhadores. Aliás, poderia me dizer o Ver. Estilac Xavier que esta não é só uma posição dele, nem do Partido dos Trabalhadores, que esta é uma manifestação inerente à natureza humana, que quando as decisões nos são favoráveis, nós as aplaudimos, elogiamos e quando não nos são favoráveis, nós divergimos, discordamos, manifestamos de todas as formas a nossa irresignação. Eu diria, Vereador, nem oito, nem oitenta, porque o que eu observo é uma efusividade muito grande quando é favorável. Agora, quando não é favorável e recentemente houve uma decisão do Pleno do Tribunal de Justiça em relação à competente decisão, a inteligente decisão, e eu estou aqui tecendo os qualificativos à decisão que está dentro até da minha visão, e V. Ex.ª pode rapidamente dizer: “- Viu como, quando é da visão do Ver. Isaac Ainhorn, ele passa a elogiar”. Mas veja V. Ex.ª que os partidários, e aqueles que o acompanham, vieram a essa tribuna e manifestaram da forma mais virulenta a sua resignação em relação à decisão do Poder Judiciário. Ambas as decisões tanto, Vereador, a que definiu a abertura do comércio aos domingos, como a decisão acerca da Comissão Especial, em relação à interpretação do Regimento, ambas são decisões não terminativas. São decisões inclusive suscetíveis de uma rápida reapreciação do Poder Judiciário; e essa é a beleza da estrutura do Estado de Direito e do Estado Democrático. É por isso que, graças a Deus, existe Poder Judiciário. Nas ditaduras de extrema direita, como nas de extrema esquerda, o Poder Judiciário vive como um apêndice do Poder Executivo. Graças a Deus que em um Estado Democrático realça-se o papel do Estado Democrático, da independência e harmonia entre os Poderes.

Pois eu quero dizer a V. Ex.ª que, a mim, a decisão do ilustre magistrado, a quem conheço os seus atributos e as suas qualificações, sinceramente não foi do meu agrado. Porque, de um lado, está absolutamente correta a tese da proporcionalidade. Eu há muito venho lutando, há alguns anos, quando vim a esta Casa, questionei a questão da proporcionalidade que não era considerada na constituição das Comissões Especiais. E os números modificaram-se em relação a um Requerimento de minha autoria de dez anos atrás, sustentando a necessidade do Poder Legislativo, na constituição das Comissões, do respeito à proporcionalidade. Mas acho que a proporcionalidade só existe com respeito a um outro instituto fundamental do Estado Democrático, que é o respeito às minorias. Não há como prosperar, Vereador, a tese da Comissão Especial de 11 Vereadores aqui nesta Casa, quando nós temos 13 Bancadas. Mas daí V. Ex.ª me dirá: “Mas, Vereador, o texto é definitivo, estabelece um terço, estabelece o máximo de 11 Vereadores e isso não podemos modificar.” Eu acredito que a dinâmica dos fenômenos e a situação fática pode determinar mudanças; e qual é essa mudança? A nova realidade de constituição partidária de reestruturação, de reengenharia partidária nesta Casa - nós iniciamos esta Legislatura com nove Partidos e hoje estamos com treze Partidos nesta Casa, fruto da possibilidade da lei que permite -, eu, particularmente, tenho divergência com essa visão, mas, do ponto de vista do Direito Positivo, não posso reconhecer a correção de que os Parlamentares podem ainda trocar de partidos políticos. Então, veja V. Ex.ª, essa é uma visão que eu tenho, mas o Direito Positivo é diferente.

Então, eu sustento que o fato de treze Bancadas, a despeito de dizer que o Regimento é claro que são 11, a situação fática atropelou a norma regimental, ela é mais forte. Eu acho que já tivemos tempo de recompor essa situação, porque até tramitou nesta Casa Projeto de Resolução para alterar essa questão no ano passado, e não tomamos a providência e estamos pagando o tributo a isso, porque estamos deixando de entrar no mérito de um debate de uma discussão fundamental, e estamos prejudicando o interesse dos municipários e da implantação de um regime previdenciário no município de Porto Alegre, em relação aos funcionários públicos municipais.

Nós temos de ter grandeza e sensibilidade, Vereador, porque temos prazo para examinar essa matéria e estabelecer uma disciplina legal. Não adianta irmos ao Judiciário. Acho que temos que ter a sensibilidade, muitas vezes, e inúmeras vezes poderia ter ido ao Judiciário e ser vencedor em situações e fatos que acontecem nesta Casa, mas acho que o entendimento, a negociação na busca de uma equação política às vezes é mais importante para o conjunto da Cidade, do que a busca de liminares no Poder Judiciário. Não que até a visão não esteja eventualmente correta, o princípio da proporcionalidade está correto, mas o outro, na minha opinião, não está.

Então, eu, particularmente, tenho defendido, tenho falado com alguns Vereadores, de sustentarmos uma Comissão Especial, a exemplo da Comissão do Plano Diretor, com 17 Vereadores e Vereadoras. Essa seria a solução rápida e se quisermos, quando esta Casa quer, quando qualquer parlamento quer, vota em 24, 48 ou 72 horas uma resolução para resolver o impasse criado para que a matéria, a substância não seja prejudicada.

Sr. Presidente, eu queria o aparte do Ver. Marcelo Danéris.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): V. Ex.ª não pode conceder o que não tem mais, pois já acabou o seu tempo.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu agradeço, eu sei disso Vereador, eu estava pedindo uma situação especial. Sei que V. Ex.ª é escravo do Regimento, e nessa condição eu me rendo à deliberação de V. Ex.ª. Mas faço um apelo, neste momento, como Líder da Bancada do PDT, no sentido de que busquemos um entendimento para que possamos resolver esse impasse, que, de impasse, se transformou num imbróglio jurídico, porque a Câmara pode, porque a Câmara foi a recorrida nessa decisão. Ela pode recorrer, e nós nessa dança, nesse impasse de natureza jurídica, acabaremos prejudicando a implantação de um regime de previdência própria no Município de Porto Alegre.

Então, eu faço um apelo no sentido de que as Lideranças desta Casa, os partidos políticos com assento nessa Casa tenham a sensibilidade de buscar uma equação para esse impasse jurídico, que é relevante, e que tem argumentos fortes de ambos os lados a sustentar os seus ponto de vista. Mas quem não pode ser prejudicado, Ver. Paulo Brum, Presidente dos trabalhos, são os interesses maiores, que são, no caso, os municipários, que a eles se impõe a implantação de um regime de previdência própria, e nós temos prazo definido para nos manifestar sobre o tema. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Estilac Xavier está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, o debate que está sendo proposto é da conveniência de aplausos ou não às decisões do Judiciário. Ora, acatam-se as decisões, às vezes gostando, às vezes não. É o caso da medida que o Governo do Município, através da sua Procuradoria-Geral junto com a Procuradoria desta Casa tomou: agravaram a decisão liminar do Desembargador Clarindo Favretto em relação à abertura do comércio aos domingos.

Confesso a minha surpresa quando estive lá. Estávamos eu, o Ver. Nereu D’Avila, por motivos diversos também, havia lá o julgamento da questão do referendo, e o Ver. Marcelo Danéris assistindo à reunião do órgão especial do TJ. Ver. Raul Carrion, para a nossa surpresa, em torno de 24 ou 25 Desembargadores mantiveram a decisão liminar. Para nossa surpresa, nós vimos uma decisão de mérito - discutida em 1993 pelo Tribunal, em que o próprio Desembargador Clarindo Favretto foi o Relator -, nós vimos ser concedida uma liminar. Ora, as liminares são concedidas, Ver. Luiz Braz, em cima de duas coisas: o indício do direito e a iminência do perigo. Dez anos depois, se descobriu no voto do Relator, Ver. Haroldo de Souza, que o Brasil estava em crise, que o desemprego era o iminente perigo. Mas tinha uma decisão de mérito! Aliás, o Desembargador Della Giustina disse o seguinte: “Eu concedo o agravo, porque é muito sério que uma decisão de mérito possa ser modificada numa liminar”. Eu estava lá e observei que há divergência no Tribunal sobre coisas que, para mim, eram pacíficas. A Constituição Brasileira, no seu art. 5º, dos Diretos e Deveres Individuais e Coletivos, dos Direitos e Garantias Fundamentais, no seu inciso XXXVI diz: “A Lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” Aliás, tinha aprendido isso como Princípios do Direito. Aí percebi, Ver. Pedro Américo Leal, que me dá a sua honrada atenção, que o sistema jurídico existe para dar previsibilidade às ações das pessoas que estão organizadas em sociedade. Portanto, posso-me conduzir de tal ou qual maneira de sorte a saber se meus atos estão enquadrados ou não no sistema legal. Aí percebi que, se não existe coisa julgada, não há segurança jurídica, pois os tribunais podem hoje pensar de uma forma e amanhã pensar de outra. Aliás, este é o caso, embora não decidido no mérito. Há um prejuízo fundamental para a economia de Porto Alegre, é isso que quero frisar. É um engano tratar a questão do comércio como uma mera luta dos comerciários para terem folga aos domingos, embora seja justo, como é justo para qualquer categoria. Agora, existem milhares e milhares de pequenos e médios comerciantes que vão ter suas economias abaladas - os distribuidores e fornecedores - se a rede que viceja nos bairros e vilas for afetada; prejuízo para os mercadistas, bares, armazéns, lojas, novamente o circuito e a cadeia se prejudica. Não está em causa aqui somente a questão dos comerciários, está em causa a questão dos pequenos e médios comércios, que são responsáveis por 70% dos postos de trabalhos. Não existe economia saudável e sustentada se não tivermos uma forte rede de pequenas e médias empresas. Os comerciantes são isso. A decisão é errada. Existe uma campanha para provar para o povo de Porto Alegre que ocorrerá um aumento de emprego. Chegou-se a falar em cinco mil empregos. Não é verdade! Eu gostaria de saber se as vendas, que aumentaram em 20 ou 30% nesse fim de semana, não se retratou o comércio de rua, se retratou o comércio de shopping. As pessoas foram para os shoppings por quê? Ora, 35 graus, ambiente climatizado. Vendas, dizem que aumentou em 20 ou 30%. A receita do Estado tem de ir lá verificar, porque isso significa mais ICMS. Significa que há dinheiro? Não tem. Não está em causa, portanto, o problema só do descanso dos comerciários; está em causa a sustentação e o desenvolvimento de uma rede de pequenos e médios comerciantes que mantêm o maior número de empregos na cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, se eu não entendi direito, me perdoe, mas não sei também se está no Regimento. Eu não vi, ainda, tudo nos Parlamentos e creio que tem muita coisa ainda para eu ver. Mas, interrompermos uma Sessão Plenária porque surge um problema no circuito na TV? Esta não é uma Casa de Vereadores? Ou é uma estação de televisão? Por favor, precisamos lutar para melhorar a imagem da política e a nossa, dos políticos! Decididamente, isso é gol contra! Interromper o trabalho, porque não tem televisão, por favor, não é por aí!

O jornal Zero Hora, de ontem, trazia como manchete de capa: “Comércio aos domingos abrirá até cinco mil vagas. Os lojistas acreditam que até o final do ano o comércio da Capital abra cerca de cinco mil vagas, além das temporárias oferecidas no período de Natal.” As oportunidades começarão a surgir em função da abertura do comércio aos domingos. Projeto derrotado aqui na Casa, mas vencedor por meio da Justiça.

“As vagas devem ser criadas, em especial nas grandes redes do varejo com operação nos shoppings.” E aí vem o xis da questão. Realmente os pequenos serão prejudicados? Eu estou avaliando esse setor do meu campo de defesa. E o Ver. João Antonio Dib me diz que não. Na crise em que nos encontramos, brigar por mais cinco mil novos empregos não é o certo? Como é que pode ser contra um Projeto que vai aumentar o volume de empregos no setor na Cidade, com essa crise de trabalho? Por favor, gente, sejamos coerentes com os nossos discursos. Vamos buscar defender os interesses da sociedade e não aquele jogo político, aquela coisinha que está bem manjada. Indiscutivelmente, um dos grandes problemas da sociedade no momento é a falta de emprego. No meu gabinete, eu recebo uma média assustadora de pessoas de todos os tipos à procura de trabalho. Diante de um quadro desses, uma chama de esperança invade meu peito quando eu leio uma manchete tipo esta do jornal Diário Gaúcho de segunda-feira. Pautado por dizer sempre a verdade de forma simples e objetiva, o Diário traz a manchete de que estão abertas as inscrições para vagas no comércio de Porto Alegre. E mais, para contrariar os contrários, está aqui o endereço para quem está à procura de emprego. “Preencha sua ficha de emprego na Av. Cristóvão Colombo n.º 2.003, no Centro. Ou então na Rua dos Andradas n.º 1.234.” Isto sim são coisas reais e não jogos jurídicos, jogos de cena, jogos políticos. Eu acho que não é por aí. Sei do prejuízo que se tem com um projeto desta natureza em período eleitoral, mas, de coração, não estou preocupado com isso. Porque, no momento em que estou aqui Vereador, eu sou Vereador, não sou candidato a coisa nenhuma. Fora daqui, eu sou candidato a alguma coisa, mas, aqui dentro, eu sou Vereador. E quero brigar por este cargo de Vereador, no momento. Se há uma busca desenfreada por novos empregos, como vou ser contra projetos que podem trazer novos empregos para a Cidade? Só estou pedindo coerência.

Se os senhores empresários não cumprirem o que prometeram pessoalmente a mim - mais empregos sem botar ninguém no olho da rua -, com certeza me transformo num dos maiores adversários desses mesmos empresários. Mas, em defesa de novas vagas de emprego, ou como diz essa matéria do jornal Diário Gaúcho de hoje, e o jornal Zero Hora, de ontem, vou até o fim, sim. Pouco me importam as pessoas que me ligam para dizer não sei o quê. Não estou nem aí. Estou com a minha consciência tranqüila.

Abertura do comércio aos domingos com mais vagas de emprego sem desempregar ninguém? Sim! Abaixo a demagogia e o desejo de ser contra por ser contra, ser simplesmente contra.

Na fase eleitoral, não estivessem todos atrás de votos, o túmulo do Getúlio Vargas, no seu aniversário, teria sido tão visitado, como foi nas últimas horas? Depois, quando falam da nossa classe política ainda há alguns que dizem que o povo não tem razão. Ele tem absoluta razão, sim. Pelo poder e pelo voto não se respeitam, sequer, os mortos, que dirá aqueles que ainda continuam vivos neste plano terrestre.

Sou getulista de herança do meu pai, mas nem por isso vou fingir amor eterno ao grande Getúlio junto a seus restos mortais. Para mim, isso é muita apelação. Eu, fora!

E a sinaleira da Av. Érico Veríssimo, meu querido grupo do Governo: vai sair ou não vai sair? Ou vai sair depois que uma criança for atropelada e morta? Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, esta Casa tem realizado todas as quartas-feiras, e encerra agora na próxima quarta-feira, reuniões onde se reúnem os membros que formam a Comissão Especial para avaliar e analisar a possibilidade de implantação do metrô na cidade de Porto Alegre. Temos feito um trabalho, sempre acompanhado pelo Ver. Adeli Sell, Ver. João Antonio Dib e outros Vereadores. No dia 11 de junho deste ano, fizemos uma solicitação ao Presidente da EPTC, Dr. Luiz Carlos Bertotto, para que ele pudesse enviar a essa Comissão os estudos realizados através da EPTC, que criou um grupo de trabalho para a avaliação da implantação do metrô e principalmente seu relatório feito pela assessoria sobre a avaliação do projeto inicial feito pela TRENSURB, para que essa Comissão pudesse, já que ouviu durante as suas reuniões a EPTC e também a TRENSURB, saber as avaliações feitas por esse grupo do Metrô de São Paulo e por esse técnico do Metrô de São Paulo, sobre o estudo inicial do TRENSURB para que nós pudéssemos dinamizar um pouco mais os trabalhos e ficarmos na discussão do contraditório técnico. Isso seria importante para que se avançasse nessa matéria.

Hoje, recebi uma ligação do Dr. Kasper, da EPTC, que tem sido representado por seus técnicos ou comparecido nas reuniões para abrilhantar a discussão, com a solicitação para que, na próxima quarta-feira, quando será feita a última reunião dessa Comissão Especial, ele possa formalizar a entrega do relatório não só à Comissão, mas também à TRENSURB e ao Governo do Estado por intermédio da METROPLAN para que avancemos. Vamos mostrar as diferenças técnicas existentes entre o projeto feito pela TRENSURB e a avaliação feita pela EPTC e pelos técnicos do Metrô de São Paulo do Projeto da TRENSURB.

O importante – e esse é o objetivo – é que essa obra possa avançar. Vejamos as principais cidades e capitais do Brasil. Em Salvador está em projeto a construção de uma linha de metrô em superfície. Já iniciou a construção. Fortaleza está concluindo as obras da primeira linha do metrô, e já tem assinado com o Banco Mundial um termo de compromisso para a implantação de uma segunda linha. Curitiba e Goiânia estão desenvolvendo os projetos e mantendo contatos com os financiamentos com os agentes financeiros para a implantação. Recife está executando projeto de modernização de Linha 1 em operação no centro da Cidade, e amplia o sistema com a construção de uma Linha 2, em andamento, com recursos do Banco Mundial. São Paulo começou este ano a escavação de sua projetada Linha 4. No Rio de Janeiro já está em andamento, e Brasília começa agora o seu projeto para, também, desenvolver a sua linha de metrô. Todas as grandes capitais do Brasil estão já trabalhando, estão avançando no sentido, diferente de Porto Alegre.

Nesta Comissão, nós ouvimos as manifestações de todas as esferas governamentais. No Município, através da Secretaria de Planejamento, Secretaria de Captação de Recursos, na última reunião, na quarta-feira. O então Prefeito Tarso Genro já dizia que era favorável, os Secretários que participaram disseram que Porto Alegre precisa dessa obra e ela é emergencial. Através do Governo do Estado, a METROPLAN já reiterou diversas vezes a necessidade da construção dessa Linha. O Governo Federal, através do TRENSURB, também desenvolve um projeto e entende que Porto Alegre precisa dessa obra. É uma obra que demora de sete a dez anos para a sua execução.

Por que não sai essa obra? Por que não se realiza essa obra? Esse é a função dessa Comissão, ou seja, para que possamos acelerar um pouco esse processo de entendimento, tanto dos Governos do Município, do Estado quanto da União. Todos têm de participar desse projeto, todos devem ter o entendimento da necessidade emergencial do modal metroviário para Porto Alegre, mas as dificuldades, mais no sentido de se poder criar esse entendimento, faziam com que não avançassem as negociações ou as articulações para a realização dessa obra.

Vejo, com muita satisfação, que, agora, a EPTC, apresentando esse estudo, já dá o passo inicial para que os técnicos possam, tanto da TRENSURB como da EPTC, sentar em torno de uma mesa e discutir, mas objetivando a efetiva realização dessa obra, que essa obra deixe de constar somente nos papéis, ou em projetos ou na teoria, e que ela possa, de fato, partir para uma realidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Haroldo de Souza e do Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente em exercício, Ver. Paulo Brum, colegas Vereadoras e colegas Vereadores. Primeiro, eu quero agradecer ao meu colega Ver. Haroldo de Souza, que cedeu o seu tempo. Eu e o Ver. Isaac Ainhorn havíamos feito uma permuta do tempo do Grande Expediente para as Comunicações.

Sr. Presidente, nós queremos abordar aqui nesta tribuna uma matéria que é recorrente nesta Casa, que vimos pautando deste o início do nosso mandato. Eu considero que a fiscalização por parte dos parlamentares, seja em níveis municipais, estaduais, federais, é um instrumento que afirma a democracia, que resgata a cidadania e que corrige rotas.

Eu vi aqui, lendo os jornais do final de semana: (Lê.) “Documentos da CPI do Lixo somem em Porto Alegre”, manchete da Folha de São Paulo, com a foto do Sr. Governador do Estado, que então era o Prefeito da época.

E eu quero fazer um link, Ver. Isaac Ainhorn, desta manchete com aquilo que acontece no DMLU. Essa matéria é procedente, sim. Aliás, em matéria de maracutaia, o DMLU é especialista. Nós estamos vivendo, neste momento, mais uma licitação suspensa pela Justiça por haver indícios de irregularidades no transporte final do lixo lá para o Santa Tecla.

E a matéria traz aqui a questão da compra dos incineradores e que foi feita uma CPI, que todos nós sabemos, e eu estou atrás desse Processo desde que eu entrei aqui na Câmara, e não me respondem onde é que ele está. Eu, agora, formalizei isso ao Presidente da Casa, Ver. Ervino Besson, porque nós queremos saber onde é que está esse Processo, porque eu vou lá no Ministério Público, e esse diz que não tem o Processo! Eu vou aqui na Casa, no Departamento de Arquivos, dizem que não têm o Processo! Afinal de contas, onde é que estão os documentos e a CPI que apurou essa questão dos incineradores? Nós queremos esse Processo, até porque nós temos várias representações perante o Tribunal de Contas do Estado, Tribunal esse que adora investigar prefeituras pequenas, e adora dar manchetes nessas investigações, mas não tem a mesma adoração para investigar as questões de Porto Alegre! E eu vou ler aqui, Ver. Isaac Ainhorn, um ofício do Sr. Presidente do Tribunal de Contas, envolvendo essa questão do lixo, dirigida ao Presidente José Fortunati. (Lê.)

“Sr. Presidente, de ordem do Ex.mo Sr. Presidente, Conselheiro Gleno Ricardo Scherer, em atenção ao Ofício n.º 1.114/02, comunico-lhe que foi, atendendo a promoção do Ministério Público, junto a esta Corte, contas do expediente de Auditoria” - número tal - “a matéria constante das denúncias relativas ao Poder Executivo do Município de Porto Alegre, do Departamento Municipal de Limpeza Urbana, examinadas no referido expediente, está sendo novamente apurada, através de auditoria daqueles órgãos.” Aqui está assinando, Ver. Isaac Ainhorn. Eu fiz uma denúncia ao Tribunal de Contas, dirigida ao Procurador, Dr. César Miolla. O Dr. César Miolla entendeu que havia indícios de irregularidade e chancelou a minha petição inicial e a levou ao Presidente do Tribunal. O Presidente do Tribunal, na época, Dr. Hélio Mileski, entendeu que tinha que fazer auditoria especial, e a auditoria foi feita. E este Vereador vai lá no Tribunal e pede cópia e manda ofício e pede cópia, e o Tribunal responde: “Não posso responder, porque há uma resolução de que só uma comissão ou que só o Plenário da Câmara pode pedir cópia.” Eu levei o assunto à Comissão de Economia, e a Comissão de Economia o aprovou por maioria e nós pedimos cópia. E aí o Presidente responde e diz que tem de fazer auditoria de novo, porque a auditoria que foi feita foi inconclusa. Mas onde está a seriedade? Se faz uma representação, determina-se auditoria, a auditoria vai a campo, volta, vai conclusa aos autos, pede-se a informação e aí dizem que tem de fazer uma nova auditoria? Eu, com toda a sinceridade penso, quero crer... Porque o nosso Tribunal é composto de conselheiros de alta seriedade, de pessoas de conduta ilibada, responsáveis, mas essa questão, para nós, não está bem respondida ainda. Então nós estamos aguardando que o Tribunal faça aquilo que o Estado Democrático de Direito ampara; quando há uma representação, faça a investigação. Se nós chegarmos, ao final, à conclusão de que nada existe, o.k.

Por isso eu quero dizer que esta matéria da Folha de São Paulo, Ver. Isaac Ainhorn, é muito séria, porque nós temos denúncias no Tribunal de Contas, temos várias no Ministério Público mostrando, primeiro, que há contratos feitos, ao longo dos anos, de forma emergencial, para beneficiar uma empresa chamada Empresa CORES. A gente vai na prestação de contas de alguns cidadãos, essa empresa patrocina a campanha de determinados membros do Governo. A gente vai lá, denuncia que o preço está acima do mercado, se faz uma concorrência, se pagava 39 reais e 11 centavos a tonelada e 39,11 vezes 24 mil toneladas de lixo por mês, que significam quase 1 milhão de reais que o Poder Público desembolsava por mês; pois o lixo de Porto Alegre, hoje, desde o dia 26 de janeiro, do ano em curso, está sendo recolhido por uma outra empresa cobrando  28 reais e 42 centavos. E quem é que vai pagar, Ver. João Antonio Dib, esses quase 300 mil reais que o erário pagou há mais de um ano para a Empresa CORES?

Nós estamos aqui cumprindo o nosso papel. Não venha o Governo dizer que é denuncismo, que o Ver. Sebastião Melo é uma metralhadora giratória. Não! Nós estamos cobrando do Governo, é o nosso papel, Ver. Estilac Xavier. Nós queremos que o Governo esclareça. Nós remetemos a matéria ao Tribunal e estamos aguardando; nós remetemos ao Ministério Público. Mas, acima de tudo, o Governo silencia, Presidente, porque, em matéria de lixo, em Porto Alegre, essa matéria é extremamente complicada; em matéria do lixo, essa matéria é extremamente malcheirosa, obscura, não se esclarece, são contratos emergenciais acima do valor do mercado.

E se não bastasse agora, Ver. Luiz Braz, o aterro Santa Tecla, foi feito um acordo com a FEPAM e com o Ministério Público no sentido de que se podem colocar apenas 250 toneladas de lixo, e hoje a Prefeitura de Porto Alegre está levando para lá 750 toneladas. E quem é que faz a gestão daquele aterro? É o Departamento Municipal de Limpeza Urbana. Então é tudo irregular. Não se fazem as licitações na época que se tem que fazer! Retardam para beneficiar! Eu tenho clareza, mas muita clareza, de que essa questão de não fazer as licitações no tempo certo é para beneficiar empresa. E a empresa tem nome, tem CGC, tem sede: é a CORES. E o Governo silencia sobre isso. E o Governo não responde. O Governo seria o primeiro a querer trazer para esta Casa esses esclarecimentos, mas ele sonega a informação, porque ele não tem o que responder. Porque quem pagava 39 e está pagando 28 agora, portanto, 33% abaixo do que pagava, não tem explicação. Porque pagava 39 reais e 11 centavos a tonelada, hoje paga 28 reais e 42 centavos.

Nós estamos aguardando. O Tribunal de Contas merece o nosso respeito, mas é um Poder constituído, auxiliar, que presta relevantes serviços à sociedade. Mas nós queremos deixar, aqui, registrado. Não é possível, uma auditoria foi determinada em setembro do ano passado e até agora não foi respondida a esta Casa. É muito tempo para uma matéria tão relevante, de tamanha significação, que é o recolhimento do lixo de Porto Alegre.

Estamos aguardando o Tribunal e o Ministério Público. Quero dizer que essa manchete tem procedência, e nós queremos – já protocolamos – saber onde está esse Processo, porque queremos acostá-lo aos autos da nossa representação tanto no Tribunal de Contas quanto no Ministério Público, porque uma coisa tem ligação com a outra, e se tem responsável, tem que ser punido, porque esta Casa é a Casa do Povo, a Casa que investiga, e os documentos aqui produzidos têm que estar arquivados em algum lugar, principalmente em se tratando de Processo de tamanha magnitude como é o caso de uma CPI. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Comunico ao Ver. Sebastião Melo que um assessor da Presidência informa que na próxima reunião de Mesa, portanto na quarta-feira, a Mesa estará debatendo esse assunto que V. Ex.ª traz à tribuna, e o Presidente necessita de uma autorização da Mesa para abrir uma sindicância. Portanto, estamos atentos.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é tão difícil construir o simples que ninguém até hoje mudou o Parabéns a Você. O mundo inteiro, pessoas dos 2 aos 90 anos de idade cantam o Parabéns a Você, e ninguém sabe quem compôs essa musiquinha. É muito simples.

Há alguns dias, estamos discutindo nesta Casa decisões da Justiça. Decisão da Justiça acata-se, respeita-se e, se houver remédio jurídico, segue-se procurando a solução definitiva, a verdade final.

Se os Vereadores pensassem bem, não discutiriam nesta tribuna as liminares concedidas, porque, nesta última, o Juiz nos dá uma lição. Ele diz: “Caso não estejam satisfeitos com o teor do Regimento a que devem-se subordinar, podem providenciar na sua alteração, que está prevista no art. 82, § 1.º da Lei Orgânica do Município.” Era melhor não discutir. Era melhor acatar. Era melhor respeitar.

Mas também é difícil construir o simples. Quando, em fevereiro deste ano, entraram aqui os Projetos relacionados à Previdência dos Municipários, nós não tratamos logo de discuti-los, de buscar as informações. Levamos 152 dias para instalar uma Comissão Especial para que os municipários, através do seu Sindicato, do SINDICÂMARA, das suas entidades, pudessem falar. Nós discutimos 152 dias sem produzir nada.

Mas é difícil entender o simples. O Montepio, em julho de 1999, perguntou ao Ministério da Previdência se ele poderia ser o gestor da Previdência do Município. O Ministério da Previdência respondeu que somente uma entidade de caráter público poderia gerir a Previdência dos Municipários. Não temos dúvida alguma de que a Lei n.º 466 foi aprovada por 28 votos e criou a autarquia. O que tínhamos de fazer? Nós tínhamos uma solução na mão. Tínhamos de aprimorá-la. Nós tínhamos de fazer a coisa certa. Agora surgem todas as iniciativas dos descontentes ou dos não-satisfeitos. Vamos fazer uma fundação de direito privado. Quando me falaram na fundação de direito privado, eu disse no primeiro dia que fundação para poder gerir os destinos da previdência dos municipários só se fosse instituída pelo Prefeito, e instituída pelo Prefeito nunca seria uma fundação de caráter privado, porque uma fundação de caráter privado não poderia gerir a coisa pública. Quem sabe nós simplificaríamos, organizaríamos uma sociedade anônima como tem tantas outras aí - não vou citar nomes, mas há empresas que fazem previdência e são privadas, fazem de quem quiser, eu vou lá, inscrevo-me, complemento a previdência ou faço valores que eu desejo, pago quanto precisa e pronto.

Quero dizer, nós não somamos, nós individualizamos, nós queremos mostrar que nós sabemos mais. A verdade é que a Previdência deve ser equacionada, deve ser resolvida, e a forma que hoje está é autarquia, os servidores dirigindo a autarquia. Vamos melhorar, vamos colocar Emendas, vamos fazer as coisas como devem ser feitas, mas não tergiversar para que a coisa não aconteça.

Nós recebemos no dia 18 de fevereiro o Projeto de Lei, e hoje, estamos em 26 de agosto e não fizemos nada. Eu ainda mandei, antes do recesso, para todas as entidades dos municipários que dissessem as suas posições, para que nós pudéssemos, somando esforços, chegar a uma solução perfeita.

Não se iludam, tudo é muito simples, fundação de caráter privado como está sendo distribuído, hoje, pelo SIMPA - mostrando competência, porque escreveu um documento em cima de uma liminar que aconteceu hoje pela manhã -, essa não pode, essa a lei não permite, essa o Ministério da Previdência já disse para o Montepio: se ele se enquadrasse, talvez ele pudesse disputar, mas não se enquadrou. Então, não tem o que fazer; não tem o que fazer, não se iludam que nenhuma entidade privada vai gerir a Previdência dos municipários; os municipários é que devem gerir a sua Previdência. Saúde e paz! Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, pessoas que nos assistem aqui, e também nas suas casas, queria, hoje, me referir a duas questões, basicamente; primeiro, sobre a abertura que deverá ocorrer da Agenda 21 + 10 em Johannesburgo, na África do Sul, dez anos depois que se realizou no Brasil a chamada Agenda 21, que procurará fazer um balanço dos avanços ou retrocessos, que parecem ser maiores do que avanços quanto à questão ambiental no mundo

Vivemos uma situação extremamente grave onde o balanço desses dez anos se demonstra extremamente limitado, pífio, e a maioria dos especialistas consideram que houve um retrocesso. Temos o efeito estufa, efeito decorrente da queima dos combustíveis, criando uma grande camada de CO2 que leva ao aquecimento gradual da Terra, ao degelo, ao aumento do nível dos mares, podendo, a médio prazo, sequer a longo prazo, causar graves problemas.

É interessante que os Estados Unidos, maior potência econômica do mundo, maior responsável pelo efeito estufa, Ver. João Antonio Dib, nega-se a assinar o Protocolo de Kyoto, que a maioria das nações fez para tentar diminuir as conseqüências disso. Temos o buraco de ozônio. Temos 11.046 espécies de animais, segundo a ONU, que estão ameaçadas de extinção, a maior ameaça de extinção do reino animal depois do fim dos dinossauros.

Temos 9% das espécies de árvores ameaçadas de extinção e, nos últimos dez anos da década de 90, do neoliberalismo desbragado, 90 milhões de hectares de florestas foram destruídas e aí, diga-se de passagem, hoje se concentra a maior biodiversidade do Planeta. A cada floresta devastada, é a vida, é a biodiversidade que está sendo liquidada.

Aqui no Rio Grande do Sul há outro retrocesso, pois acabamos de ver a nossa Assembléia Legislativa fazer uma Emenda Constitucional alterando a Constituição Estadual que proibia as queimadas e autorizando as queimadas, quando todos os especialistas do meio ambiente são unânimes em colocar que essa técnica do tempo dos Guaranis, do tempo pré-histórico, é a maior causadora da destruição da biodiversidade.

Então, infelizmente, a Agenda 21 + 10 que se abre em Johannesburgo, com a ausência dos Estados Unidos, a maior potência poluidora do mundo, indica que não se deve avançar mais uma vez e que o nosso Planeta enquanto continuar sob a batuta daqueles que, fazem do lucro imediato, o lucro da sua geração, o único objetivo, sem pensar nas próximas gerações, sem pensar no coletivo, privatizam os lucros e socializam o prejuízo, porque caberá depois, amanhã, ao Poder Público, às Nações, aos seus Estados, enfrentar a devastação do Planeta.

A segunda questão que queríamos tratar seria comunicar a todos os colegas que hoje, às 18h30min, se estará realizando no Theatro São Pedro um ato em homenagem a João Cândido, o Almirante Negro, esse gaúcho de Encruzilhada, que, em 22 de novembro de 1910, sublevou a armada contra a aplicação da Lei da Chibata entre os Marinheiros, na sua maioria negros, que, vinte e dois anos depois do fim da Escravidão, ainda eram submetidos aos suplício das chicotadas por qualquer problema disciplinar. Teremos a presença da D. Zelândia, de 78 anos, filha de João Cândido, do Rio de Janeiro. Será descerrada a placa do Centro Cultural João Cândido a ser instalado, mais adiante, nos armazéns do Cais do Porto. Queria dizer que tenho o grande orgulho de ser parte do resgate da memória de João Cândido, esse grande herói popular, sendo que em 2000, por intermédio do Centros de Estudos Marxistas, realizamos diversos debates sobre o tema, resgatando a sua memória. No ano passado, desde que assumimos esta Casa, levantamos aqui a luta pela implantação de um monumento com o seu busto no Parque Marinha do Brasil, que, afinal, conseguimos inaugurar em 22 de novembro de 2001, a partir de uma Lei de iniciativa do então Ver. Lauro Hagemann, que foi aprovada em 99, sancionada por esta Casa, e que dormitava para que fosse colocada em prática. Tivemos durante todo o ano uma série de atividades que culminaram em 22 de novembro com a inauguração do busto. Hoje, teremos à noite, essa atividade no Theatro São Pedro, para a qual convidamos todos os Vereadores, e os que nos assistem também, porque resgata a memória dos oprimidos e explorados deste País, principalmente os negros, que construíram o nosso País e que têm sido esquecidos na memória da História oficial. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Paulo Brum está com a palavra em Comunicações, pelo tempo que lhe cede o Ver. João Bosco Vaz.

 

O SR. PAULO BRUM: Caro amigo Ver. João Carlos Nedel, presidindo os trabalhos, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, o Governo Federal, desde 1999, transformou em lei uma Portaria do Ministério da Previdência, criando a reserva de vagas em empresas privadas para as pessoas portadoras de deficiência. É a chamada Lei das Cotas, pela qual uma empresa que possui cem funcionários deve ter dois portadores de deficiência e assim, sucessivamente, até chegar ao montante de 5% dos quadros funcionais que sejam destinados a pessoas portadoras de deficiência.

Mas, na verdade, o que nós estamos presenciando é que empresas ainda não estão cumprindo o que determina a Lei e tentam, de uma maneira, ou de outra, burlar esta mesma Lei. Com vista a isso, e atentos a tudo isso, nós da Federação Rio-Grandense de Entidades de Deficientes Físicos e a nossa Associação Canoense de Deficientes Físicos de Canoas... Diga-se de passagem, essa Associação é uma Associação que, de há muito, vem trabalhando na qualificação profissional das pessoas portadoras de deficiências e hoje já é uma referência para o Brasil no que diz respeito a buscar a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho.

Sr. Presidente, eu tenho em mãos um manifesto, na verdade um documento que foi direcionado a minha querida amiga Deputada Yeda Crusius no qual tanto a ACADEF como a FREDEF solicitam a sua interferência junto ao Ministério do trabalho. Por quê? Porque nós sentimos que existem algumas maneiras que a própria legislação permite para que as empresas forneçam a qualificação ao portador de deficiência que, posteriormente, venha a ser contratado.

Diz assim esse manifesto: “A pouca qualificação e a falta de experiência prática das pessoas portadoras de deficiência no exercício do trabalho têm impedido a ocupação das vagas autuadas pela fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho. Essa situação tem sido muito cômoda para as empresas se descartarem do compromisso, e assim a Lei vai-se tornando inviável na sua prática.

Nós sensibilizamos o Delegado Regional do Trabalho, Dr. Darci Ferreira, no sentido de se fazer uso da Portaria 772, do Ministério do Trabalho, para que as empresas adotem o Programa Treinamento Tipo Estágio, de seis meses, com o que, na nossa visão, estaríamos atendendo 50% das vagas disponibilizadas e a contratação dessa demanda após esse período, trancando a multa por um ano, ou seja, as empresas que aderissem a essa nossa proposta ficariam um ano sem serem autuadas, desde que obedecessem ao sistema de estágio ou preparação para o mercado de trabalho.

O programa teria acompanhamento técnico da Associação Brasileira de Recursos Humanos, a Associação Canoense de Deficientes Físicos, com a fiscalização da nossa DRT.

Sr. Presidente, hoje existem mais de mil vagas disponibilizadas para as pessoas portadoras de deficiência, mas não estão sendo ocupadas dentro do atual contexto. Com o treinamento acompanhado, estaríamos garantindo real possibilidades de empregabilidade para no mínimo quinhentas pessoas portadoras de deficiência só dentro da Grande Porto Alegre.

Esse modelo, diga-se de passagem, já foi adotado pela Delegacia Regional de Minas Gerais.

Aqui, lamentavelmente, os fiscais não estão dispostos a adotar essa flexibilização, não considerando o lado social da proposta. O que é importante é que no dia 19 de agosto, nós tivemos uma audiência com o Ministro do Trabalho, Paulo Jobim, aqui na Delegacia Regional do Trabalho, e que fizemos a ele uma solicitação para que o Ministério flexibilize a Portaria 772 propiciando assim que nós, que conhecemos, que temos a vivência e que sabemos como resolver essa problemática, possamos contribuir com o Ministério do Trabalho.

Essa manifestação foi dirigida a nossa querida amiga Deputada Federal Yeda Crusius, que, de imediato, fez a solicitação junto ao Ministro do Trabalho, Dr. Paulo Jobim. E nós já temos a expectativa de que, em breve, estaremos implantando, também aqui no Estado do Rio Grande do Sul, esse modelo que já foi adotado em Minas Gerais e que já está dando bons resultados, pois que muitas pessoas portadoras de deficiência já estão sendo qualificadas para o mercado de trabalho. Por outro lado, Sr. Presidente, nós também queremos saudar aqui uma iniciativa de nossa autoria, da Federação, em conjunto com a Associação Canoense de Deficientes Físicos para dizer que, em breve, nós teremos aqui em Canoas, na Cidade vizinha, um Centro de Educação Profissional de Canoas, destinado, exatamente a qualificar, não só as pessoas portadoras de deficiência, mas também seus familiares, a comunidade envolvente, na busca de garantir uma vaga no mercado de trabalho.

Nós já temos a assinatura do Sr. Raul do Valle, que é o Secretário de Educação Média e Tecnológica do Ministério de Educação, e, em breve, nós teremos, aqui no nosso Estado, aqui na Cidade vizinha de Canoas, a assinatura desse Projeto, desse Programa que vai ser, enfim, o primeiro Centro de Educação Profissional de Canoas, para atender toda a Grande Porto Alegre. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(O Ver. Paulo Brum assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, e Srs. Vereadores, eu sou um Vereador que ando pela Cidade, que atendo os pedidos da população, tanto é que apenas neste ano já realizei mais de setecentos Pedidos de Providências. Trago algumas fotos para que os Srs. Vereadores tenham conhecimento, tenham acesso, e também para que a TVCâmara mostre a realidade da nossa Cidade, o abandono da nossa Cidade, o abandono das obras, a falta de manutenção em nossa Cidade.

Estive, Ver. Reginaldo Pujol, no Jardim do Salso - lá na Divinéia, lá no Mato Sampaio. Que tristeza! Os quatro lados do terreno do Colégio Léia Rosa Brum estão cobertos de lixo, não é na frente, no lado leste ou oeste. Há um valão de drenagem na Rua 30 que deveria drenar a água da chuva, mas está coberto de lixo. Eu já fiz, meu caro amigo João Manoel Correia, que nos visita nesta data, inúmeros pedidos para a Prefeitura colocar contêineres para que a população coloque o lixo lá, mas não fui atendido, pedi mais de uma vez e não fui atendido. Estive no arroio Mem de Sá, onde há um montão de lixo no arroio, é a água que nós bebemos e que vai ao Guaíba e depois é muito bem tratada pelo DMAE.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu lhe ouço com atenção e verifico as fotos, é um depoimento eloqüente, visível, do que V. Ex.ª apresenta como demonstração do abandono, do descaso e indiferença do Poder Público Municipal com vários assuntos e várias situações absolutamente deploráveis que se encontra na Cidade. Quero lhe dar um testemunho, V. Ex.ª apresenta, entre outros fatos, um que é aqui muito próximo de nós: o viaduto dos Açorianos. Há pessoas morando debaixo do viaduto, utilizando o lago como sanitário e para fazer o seu lugar de banho, muitas vezes, inclusive desnudos, por inteiro. Solidarizo-me com V. Ex.ª. Num determinado momento, eu disse que V. Ex.ª era ingênuo e agora vou lhe dizer que V. Ex.ª é persistente, porque tem batalhado intransigentemente e “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Espero que V. Ex.ª continue assim, porque eu já estou na desesperança total de que providências sejam tomadas nesta área.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Vereador, lá no Jardim do Salso, na Vila Divinéia, no Mato Sampaio há uma obra do Orçamento Participativo, Vereador, a Rua 16 tem uma obra do Orçamento Participativo onde há postes da CEEE no meio da rua, porque a rua foi relocalizada um pouquinho para ser ajustada e ficaram postes no meio da rua. E a Prefeitura paralisou a obra em função desses postes. Bom, enviei ao Sr. Governador uma indicação, pedindo que a CEEE fizesse a remoção dos postes. Ver. João Antonio Dib, hoje, recebi do Sr. Governador um ofício informando que aguarda que a Prefeitura solicite a remoção, porque eles não fazem se a Prefeitura não solicitar a remoção. Está aqui, é uma pena. Estive também lá no Morro Santa Tereza, lá no Belvedere Rui Ramos. Nós vamos fazer, Ver. Pedro Américo Leal, um congresso de turismo na Cidade dizendo: “aqui um outro turismo é possível.” Só se for o turismo da sujeira lá do Belvedere. Os banheiros são uma latrina exposta. É uma pena.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, é grave, é muito grave o que V. Ex.ª está expondo.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Gostaria de dizer ao Ver. Reginaldo Pujol que, lá na Restinga, no Vale do Salso, tem uma ponte pela qual, há anos, V. Ex.ª luta, e da qual o Ver. Luiz Braz já falou. Eu apresentei uma Emenda que foi aprovada. E como esta minha Emenda foi aprovada, o Orçamento Participativo também aprovou, e, colocou lá no ano de 2001, com um ano e pouco de atraso, a aprovação da ponte. Ontem, chegaram lá, Ver. Juarez Pinheiro e Ver. Pestana - que conhece muito o problema, porque colaborou com o saneamento do Vale do Salso -, e disseram que, como a obra está orçada um pouco a mais, não a podem realizar, porque o Orçamento agora alterou. Ora, senhoras e senhores, todos os dias nós vemos aqui aumento de verbas, suplementação de verbas, por que não fazem para atender o povo lá da Restinga? É uma pergunta que deixo para ser respondida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, o Ver. João Carlos Nedel tem o hábito de descontextualizar todas as questões e tratar pontualmente questões que são significativas, sim, para uma parcela da comunidade. Só que o Ver. João Carlos Nedel não diz que há alguns anos......não que nós tenhamos descoberto, aqui, que sejamos só nós que sabemos cuidar das questões da Cidade... O Ver. João Antonio Dib fez uma boa administração também. Agora, Ver. João Carlos Nedel, pergunte para a população. Esses focos que V. Ex.ª verificou, que são problemas sérios, eram às centenas. Hoje, V. Ex.ª tem de usar uma lupa, na Cidade, para localizar situações como essa. Ver. João Carlos Nedel, há um Regimento e V. Ex.ª usou três minutos a mais, em primeiro lugar. Quem faz as críticas que V. Ex.ª faz, se agarrando até em fio desencapado, deveria também cuidar da questão do tempo.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Eu não estou concedendo aparte. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero dizer que menos importante do que a liminar concedida pelo Dr. Juiz da 4.ª Vara da Fazenda Pública, que na verdade até constrange um pouco este Legislativo, quando eu fiz a defesa da tese da proporcionalidade, o Ver. Luiz Braz deve recordar que eu fiz um apelo aos Srs. Vereadores de que tivéssemos a sensibilidade e não expuséssemos a Câmara de Vereadores a uma decisão juridicamente tão equivocada. Disse isso também na Comissão de Constituição e Justiça e eu penso que esta Câmara precisa, de uma vez por todas, começar a decidir corretamente as questões, porque o Judiciário tem a sua função e nós temos a nossa. A Comissão de Constituição e Justiça, e mesmo o Plenário, precisam voltar-se um pouquinho para a Constituição Federal, para a Lei Orgânica, para o Regimento interno.

De qualquer forma essa é a questão menos importante. O que interessa é que esta Câmara de Vereadores, a partir dos próximos dias, começará a votar - Ver. João Antonio Dib, digno relator, no ano passado, da matéria - o projeto que considero o mais importante, Ver. Luiz Braz, independentemente de posições que tenhamos, de divergências sobre questões de legalidade, de constitucionalidade, que coloco em segundo plano. Essas questões para mim estão superadas. Devemos formar uma nova Comissão Especial, obedecendo o Regimento interno, a Lei Orgânica, mas isso é do nosso dia-a-dia. O que precisamos, de agora em diante, é nos dedicarmos ao estudo da matéria que será apreciada a partir do dia 4 de setembro. Há um Projeto de Lei, há dezenas de Emendas, há mensagens retificativas, os servidores, por suas entidades, respeitáveis, do Fórum de Entidades, estão conversando com os Srs. Vereadores, com as Sr.as Vereadores, têm suas posições, têm algumas divergências com o Projeto que está colocado. Algumas, ou grande parte, das reivindicações - em torno de dezoito, quatorze praticamente - já foram atendidas, com as Emendas que foram apresentadas. E o que essa Câmara de Vereadores precisa, pela importância da matéria, pela importância que tem na vida de mais de vinte e cinco mil servidores, e suas famílias, atingindo um total de, no mínimo, cem mil pessoas, é dedicar-se de forma profunda a seu estudo; ser responsável nas votações, e honrar com as tradições desta Casa.

Esta Câmara de Vereadores, de forma majoritária, já se definiu pela previdência pública, que é muito menos onerosa para os servidores, muito mais segura para os servidores, menos onerosa para o Município, e de conseqüência, para aquelas pessoas que pagam imposto, como IPTU, ISSQN. E a Câmara de Vereadores precisa, agora, referendar aquilo que já decidiu no ano passado, aprovando, de forma definitiva, essas regras.

Ver. Luiz Braz, acho que temos que transcender, neste momento, eventuais divergências oriundas do processo eleitoral, divergências oriundas das nossas disputas entre os nossos Partidos, e temos de ceder lugar ao bom senso, à responsabilidade, que é uma marca desta Câmara de Vereadores. Neste sentido, tenho certeza que esta Câmara, mais uma vez, como fez no ano passado, de forma honrada, de forma séria, respeitável, dará à cidade um diploma definitivo relativo à previdência, que vai honrar esta Câmara de Vereadores e, acima de tudo, fará justiça aos senhores servidores, e fará justiça também àqueles cidadãos que pagam os impostos em dia e que não gostariam de ter seus recursos passados para uma entidade privada, como foi no passado, sem qualquer fiscalização, seja da Câmara de Vereadores com dificuldades para o Tribunal de Contas e até o Ministério Público ter dificuldades na fiscalização.

Eu tenho certeza de que nossas divergências, Ver. Luiz Braz, a quem aqui me refiro, simbolizando aqueles que tiveram, no que tange à discussão do Regimento, posição diferente da minha, que me obrigou a buscar no Poder Judiciário a reparação daquilo que eu achava equivocado, que isso está soterrado, é coisa do passado. Agora vamos estudar o Projeto, as Emendas, as mensagens retificativas e vamos outorgar à Cidade um diploma consistente e que vai honrar as tradições desta Casa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, quero cumprimentar a minha sobrinha e o seu noivo que estão me visitando neste Plenário. Um grande abraço a vocês; sejam muito bem-vindos. Quero cumprimentar a todos os demais presentes nesta Sessão.

O Ver. Juarez Pinheiro tratou de uma questão nesta tribuna cuja linha estabelecida eu acredito sirva a este Vereador, muito embora, Ver. Juarez Pinheiro, eu acredite que a certeza que V. Ex.ª colocou de que a decisão do Sr. Juiz da Vara da Fazenda Pública é aquela que deve nortear para todos nós os trabalhos daqui para frente, V. Ex.ª, que é um bom advogado, sabe que restam muitas dúvidas; a decisão de um Juiz sempre pode ser contestada, e a decisão desse Juiz, quando ele diz que as Comissões, de acordo com o nosso Regimento, devem ser Comissões de onze Vereadores e não Comissões de treze de acordo com a interpretação da nossa Comissão de Constituição e Justiça, e referendada também por este Plenário, eu penso que essa decisão ainda mereça ser, de alguma forma, discutida por todos nós. Eu penso que nós temos que seguir aquilo que decidiu o Sr. Juiz da Vara da Fazenda Pública, mas não devemos ter isso como ponto encerrado. Eu penso que deve, essa decisão, nortear a todos nós em relação a essa Comissão que nós estamos fazendo.

Eu tenho, Ver. Juarez Pinheiro, receio de que o prazo que nós temos para discutir esse Projeto de Lei, que é um Projeto extremamente importante, já que ele vem regulamentando a Lei n.º 466, que todos os funcionários públicos municipais estão acompanhando, essa Lei n.º 466, de acordo com a sua aprovação, V. Ex.ª sabe, causou uma certa separação entre funcionários públicos que pensavam de uma forma e outros que pensavam exatamente como aconteceu a Lei.

Essa regulamentação deve ser feita por nós, depois de uma grande discussão. Eu tenho medo de que esse prazo, que nós temos até o dia 18 de setembro, seja muito curto. Esse prazo não vai ser suficiente para que possamos dirimir todas as dúvidas que nós temos, porque todos nós, tanto eu, V. Ex.ª, como todos os Vereadores deste Plenário, queremos favorecer os funcionários públicos a ponto de que eles possam ganhar uma boa lei, porque, afinal de contas, nós estamos falando de previdência dos funcionários públicos.

A Lei n.º 466 estabelece o prazo até dia 18. Acredito, Ver. Juarez Pinheiro - já fiz o encaminhamento ao Ver. Marcelo Danéris, Líder da Bancada do PT -, que nós poderíamos começar a conversar com relação à prorrogação do prazo da Lei n.º 466, para dar tempo para que possamos discutir essa legislação que precisa ser feita sem atropelos e sem ferir, na verdade, nenhuma das prioridades que os funcionários públicos querem discutir e querem, de alguma forma, ver bem votadas.

Eu acho que, tanto nós, que somos partido de oposição, como os partidos de situação, não temos por que atropelar o processo, nós não podemos prejudicar os funcionários no afã de querer que este ou aquele tipo de legislação possa sair aqui da votação deste Plenário.

Acho que se pudermos prorrogar, eu faria uma sugestão inicial para prorrogarmos por seis meses os efeitos da Lei n.º 466. Se nós pudéssemos prorrogar por seis meses esses efeitos, nós poderíamos discutir essa legislação, que é a que vai dar as linhas finais da Previdência aos funcionários públicos municipais aqui em Porto Alegre, e acredito que todos nós poderíamos sair ganhando.

Eu estou propondo uma linha conciliatória; eu acho que o problema da formação da Comissão já foi amplamente discutido anteriormente. Eu acho que essa discussão prossegue, mas prossegue depois. Essa decisão do Juiz da Vara da Fazenda Pública vai ser acatada por todos nós, eu não vejo predisposição em nenhuma corrente aqui entrar com algum agravo para poder discutir essa decisão do Sr. Juiz. Mas eu acredito que o mais importante para todos nós, neste exato instante, na discussão desse Projeto, é que possamos construir uma boa legislação previdenciária. E eu acho que nós temos esta chance, mas não neste prazo curto que nós temos. Temos de ganhar algum tempo para que venhamos realmente a produzir uma boa lei. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, público que nos acompanha aqui e pela TVCâmara, quero dizer ao Ver. Luiz Braz, como Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores, na Liderança do Governo, que nós queremos, Ver. Luiz Braz, considerar a sua proposta, a partir, obviamente, de uma série de consultas que são necessárias, inclusive, aos servidores, que são os principais interessados, aos Vereadores que participam desse debate com mais envolvimento, à própria Bancada da Frente Popular, queremos consultar também o Governo. Só a partir daí podemos dar uma posição em relação a essa sua proposta. Obviamente, como todas as propostas, nós vamos analisar, não temos nem como dizer que somos simpáticos ou antipáticos à proposta, mas, sim, que precisamos analisá-la, até porque ela surgiu neste momento, neste Plenário. Analisaremos com carinho, obviamente, e com a devida responsabilidade que temos sobre esse assunto.

Quero responder também à matéria que foi trazida, através do jornal Folha de São Paulo, e pelo Ver. Sebastião Melo. Eu penso que a matéria em si se responde, automaticamente, quando diz que o Ministério Público arquivou, o Tribunal de Contas arquivou, todas as partes envolvidas arquivaram o debate do lixo, que estranhamente surge numa CPI que ocorreu na Câmara em 1990 e surge agora, em pleno período eleitoral, doze anos depois, o assunto, que até envolve o Ver. Nereu D’Avila, diretamente, que teria sido o último a pegar os documentos. Não sei, não me importa, mas doze anos depois o Ver. Nereu D’Avila há de convir que não tem o menor cabimento esse assunto aqui, senão para uma exploração eleitoral, totalmente, eu diria até, desqualificada.

A Presidência e a Mesa abrem sindicância, estão na sua função e no seu papel de abrir sindicância, para saber onde estão os documentos. Nós também queremos saber onde estão os documentos. Mas se uma CPI, na Câmara, não deu em nada; se o Ministério Público e o Tribunal de Contas, seja lá quem mais estivesse envolvido, arquivou o processo porque não havia nenhuma verificação de ilícito ou qualquer prova de qualquer crime cometido, por que doze anos depois trazer este assunto à baila, e querer envolver o Governador do Estado? Obviamente, há uma ligação eleitoral clara, evidente - como diz aqui o nosso Ver. Estilac Xavier, companheiro - exploração eleitoral, eu diria assim: sem conteúdo, além de tudo.

É importante ressaltar, Ver. Fernando Záchia, que nós trouxemos aqui, Ver. Luiz Braz, nesta tribuna todas as nossas posições em relação às decisões judiciais. E, obviamente as decisões judiciais são motivo, no mínimo, de um comentário político nosso, aqui, porque é o nosso papel nesta situação. Obviamente, quanto às decisões judiciais com as quais nós não concordamos, mesmo respeitando o Judiciário, respeitando as suas decisões, nós vamos colocar as nossas posições: nós não concordamos com a decisão que permitiu a abertura do comércio aos domingos. E vejam que esse tema é tão complexo que nessa decisão o Ver. Luiz Braz também não concorda. Já na decisão da questão da Previdência, da Comissão Especial, concordamos.

Não nos cabe julgar moral ou eticamente Desembargadores ou Juízes, não é esse o nosso papel. O nosso papel é fazer, sim, uma crítica positiva ou negativa às decisões do Judiciário, isso faz parte do processo democrático legislativo.

Na questão da Comissão Especial, concordamos, pois achamos que, com isso, defenderemos o Regimento, a Lei Orgânica e a Constituição. A bancada petista sempre soube separar a relação pessoal ou individual com a questão do Poder Judiciário, se tal ou tal Desembargador é isso ou aquilo, como foi colocado por outros Vereadores aqui, a Bancada do Partido dos Trabalhadores nunca personalizou ou atacou o Judiciário; ao contrário, defende-o e o respeita enquanto Poder. Agora, colocamos, sim, a nossa posição clara quando temos discordância ou concordância com a questão do Judiciário, não o tornando fraco ou combatido por nós, mas apenas mantendo o nosso direito democrático e legítimo de expressar aqui a nossa crítica, seja positiva ou negativa. Continuaremos a fazer assim, política de forma transparente, colocando de forma muito clara quais são as nossas posições. Defendemos a previdência pública, lutaremos até o final por ela e defenderemos todos os nossos direitos, senão aqui, também no Judiciário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, parece que, de repente, o Ver. Luiz Braz faz reviver nesta Casa a simplicidade. E eu dizia no pronunciamento anterior que o difícil é construir o simples. Acho que a proposição do Vereador de prorrogar a validade da Lei n.º 466/01 é realmente uma proposição que merece ser considerada. Eu já colocaria, desde logo, que eu não faria seis meses; faria oito meses para que não caia no mês de março. Nós iniciamos em fevereiro. Em março não teremos votado. É claro que precisaríamos votar essa prorrogação. Se for assim entendido, deve ser debatido. A idéia é boa. Eu não estou dizendo que seja ótima. Tem de ser debatida. O debate deve ser rápido. A Lei deve ser votada com urgência urgentíssima, e o Prefeito deve retirar a colocação que fez em cima do artigo da Lei Orgânica, que lhe dá o direito de colocar na Ordem do Dia 45 dias depois, ou seja, no dia 4 de setembro.

Nós temos uma boa colocação, porque, até agora, não somamos nada. As individualidades, as personalidades procuraram, cada vez mais, fazer com que as suas opiniões prevalecessem. Eu não entendi o sinal que o meu amigo Pureza fez para mim. Não entendi, mas, partindo dele, não deve ser nenhuma agressão. Eu acho que os servidores também estão interessados. Eu não sei o que ele quer dizer com aquilo que está fazendo lá. Eu fico preocupado. O nobre Ver. João Bosco Vaz sugere-me que eu dê um aparte ao manifestante. Não é possível, mas depois posso ouvir o Pureza, não há problemas. Eu acredito que o assunto tem de ser examinado. Se não tomarmos decisões, se não tomarmos medidas, nós, no dia 4 de setembro, vamos começar a votação sem nenhum parecer, sem nenhuma decisão. Vamos votar emenda por emenda, o que vai lavar dias e mais dias. Eu gostaria de ter uma solução estudada, uma solução equilibrada, uma solução que atendesse aos anseios de todos os servidores.

Eu li no volante que o SIMPA distribuiu hoje que a Prefeitura está pagando as aposentadorias. Realmente, sempre pagou. As pensões, a Prefeitura não pagava. De onze meses para cá, a Prefeitura está pagando na integralidade. Tudo isso tem de ser discutido. Tudo tem de ser considerado. E acredito que, talvez, seja uma solução, mas, de qualquer forma, não vai ser este Vereador quem vai decidir. Não vai ser o Ver. Luiz Braz quem vai decidir, mas a Casa tem de decidir qual a posição que vai tomar.

Dia 4 de setembro é o dia em que o restante das matérias não poderão mais ser votadas, não poderão mais ser analisadas, apenas na Ordem do Dia estará a criação da autarquia, o seu funcionamento, o seu quadro de servidores.

Nós perdemos muito tempo, e eu não tenho nenhuma culpa porque o tempo foi perdido, porque eu alertei, reiteradas vezes, que precisava ser examinado, todos os Vereadores da oposição que se pronunciaram aqui, inclusive este Vereador aqui, foram contrários à forma com que foi apresentado o Projeto pelo Executivo, não estava de acordo com a Lei n.º 466/01, e nós procuramos com emendas fazer a sintonia que entendíamos necessária, mas até agora nós não somamos efetivamente nada.

Vejo que agora nós não temos mais condição, não temos muito tempo, porque o dia 4 de setembro está aí. No dia 4 de setembro ele estará incluído na Ordem do Dia, anunciado no dia 2 para entrar no dia 4, ou seja, na próxima segunda-feira, anunciado para entrar na quarta-feira. A partir da próxima quarta-feira, toda a matéria da Casa fica sobrestada enquanto nós não decidirmos esse assunto da mais alta relevância para todos os municipários, mas também para a Cidade, sem dúvida nenhuma.

Por isso, eu acho que o Ver. Luiz Braz, com simplicidade conseguiu colocar uma idéia muito boa, deve ser analisada, não sei qual o resultado da análise, mas que a idéia foi boa, foi. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Apregoamos o Requerimento de autoria do Ver. Pedro Américo Leal solicitando que seja incluído na Ordem do Dia, por força do art. 81, o Proc. n.º 2387/02, PLL n.º 142/02.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, nessa questão da previdência, todos têm responsabilidades, mas o Executivo tem uma responsabilidade maior, e nós, que vemos de longe, sabemos qual é o diapasão da Prefeitura. Eles vêm retardando a discussão, não discutindo com os servidores, não atenderam a Lei n.º 466/01, o Prefeito, atropeladamente, pede urgência da matéria, há todo esse imbróglio envolvendo a Comissão, e aí vão chegar aqui, no dia 4, dizendo: “Temos de votar, porque está na Pauta.”

Eu já quero aqui antecipar, Ver. Luiz Braz, a nossa posição. Esta Casa tem matérias importantes, mas talvez, neste momento, não há nenhuma matéria mais importante que a matéria da previdência. Então, por favor, não venham me dizer que tem de votar no dia 4, porque esta Casa, muitas vezes, passa uma, duas, três semanas votando matéria sem grande relevância para a Cidade, e outras de grande relevância. Então, não existe essa questão de dizer que no dia 4 tem de votar, essa é uma questão que tem de ser construída aqui no debate.

Eu também volto à tribuna para poder responder, de forma muito fraterna, ao Líder do Governo, Ver. Marcelo Danéris, que é especialista em cizânia. Ele se especializou nisso antes de chegar nesta Casa, e vem fazendo pós-graduação em cizânia, em futrica. Ele vem aqui na tribuna e diz “que o Ver. Sebastião Melo vem fazer aqui uma cobrança sobre a questão do lixo” e já coloca o Ver. Nereu D’Avila, dando uma estocada no Ver. Nereu D’Avila, dizendo: “Olha, o Ver. Nereu D’Avila...processo”. Pelo que sei, o Ver. Nereu D’Avila nunca foi diretor do DMLU e nunca teve patrocínio de fornecedores do DMLU, como tem o Diretor Darci Campani. Portanto, eu estou falando de questões que são com o seu Governo e, por favor, não se afaste desse debate. O Ver. Nereu D’Avila é um Vereador já reeleito por alguns mandatos, sério, competente, e não estou cobrando aqui do Ver. Nereu D’Avila, estou cobrando um processo que aconteceu nesta Casa e que não é responsabilidade de um Vereador. A CPI que foi feita nesta Casa não pode ir para a lata do lixo, a não ser que a CPI tenha parado lá no DMLU, não sei. Eu não sei se a CPI não está lá nas gavetas do DMLU, agora, o que eu quero dizer é que se passaram cinco, seis anos, Ver. Marcelo Danéris, e não venha V. Ex.ª dizer que eu estou tratando da questão do lixo agora que estamos a 30 dias das eleições. V. Ex.ª sabe que estou tratando dessa matéria desde abril do ano passado, quando o seu Governo não responde, porque há uma caixa-preta lá no DMLU, é contrato por um lado para fornecedor e patrocínio de campanha por outro. Essa é a regra no DMLU, são licitações que são agora suspensas, não por este Vereador, mas por empresas que se sentem prejudicadas, dizendo que estão querendo beneficiar mais uma vez uma empresa, ou por acaso, Ver. Marcelo Danéris, eu estou tratando do lixo agora, dos 28 reais e 42 centavos que a empresa que está aí ganha, que é a PRP, quando pagavam 39 reais para a coisa, qual é a explicação que o senhor tem para dar? E os 250 mil reais que a Prefeitura de Porto Alegre pagou há mais de dois anos para a Empresa CORES a mais? Como é que nós vamos fazer, Ver. Ervino Besson? Isso é dinheiro do povo! Falta dinheiro para a saúde, falta dinheiro para o remédio, mas há dinheiro para pagar contrato superfaturado para a CORES! Esta explicação não vem, ela não pode vir, porque um ano depois contratam uma empresa com 33% abaixo daquela que estava recolhendo lixo, Ver. Nereu D’Ávila. Isto é inexplicável! Correto? Trinta e nove reais e onze centavos por 28 reais e 42 centavos a tonelada, vezes 24 mil toneladas,  dão quase 1 milhão! Por 28 reais , dão seiscentos e pouco. Quem é que paga esses 300 mil que, ao longo desse tempo, Ver. Elói Guimarães, é dinheiro público colocado lá na empresa CORES, “parceiraça” da Administração, competente, parceira do Dr. Darci Campani. Esse rapaz é extremamente competente para fazer contratos com a Empresa CORES. Ele é de uma competência bárbara!

Então, por favor, não venha fazer cizânia, não venha semear a discórdia, estou fazendo aquilo que o povo me delegou. Sou oposição responsável para cobrar do Governo a transparência que ele não tem, porque ele tem um discurso e presta contas na praça pública especialmente com cantores nacionais, mas as contas do DMLU e outras contas são uma escuridão absoluta e são uma caixa-preta. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente em exercício, Ver. João Carlos Nedel, Srs. Vereadores, Vereadoras, senhoras e senhores, cada vez que eu vou à minha terra, volto inspirado, mas não iludido com muitas coisas, até porque entendo - e o meu Partido sabe das minhas posições - que “Nós devemos carregar” - como dizem na gíria – “o caminhão de alguém, ou o caminhão de vários”. Mas nós queremos caminhar, carregando, empurrando o nosso caminhãozinho - Deputado Estadual, Federal e o nosso Senador.

(Aparte anti-regimental.)

Também, João Bosco Vaz nosso Senador. Por que eu digo isso? Mas nós temos que pensar da seguinte forma, e o meu Partido pensa e eu sempre tive a idéia de que só há segundo turno para o Governador e para a Presidência da República. Aí lá nós vamos empurrar esse caminhão deles. Usam muito estas frases: “Empurrar o caminhãozinho!” “Pegar a direção!” “Botar o pé no freio!” Nós queremos é fazer uma grande Bancada para Deputado Estadual, outra grande Bancada para Deputado Federal e fazer os nossos Senadores do Rio Grande. Depois, no segundo turno, nós vamos embalar outra coisa.

Eu vejo no jornal de domingo, não sou iludido, que o Ciro Gomes fala em um novo Partido com a sigla PTN. Não, mesmo! A minha sigla do PTB não vamos entregar! Esta, não! O Partido Trabalhista Brasileiro é histórico, esse Partido eu não vou entregar. E o nosso Partido vai lutar até o fim - tenho certeza -, e quem quiser que entre no Partido Trabalhista Brasileiro.

Essa história, não! Ir a São Borja, chorar no túmulo do Getúlio e querer trocar a sigla a nossa terra não aceita. Vão ter que asfaltar muito aquela estrada até Santa Maria, que está vergonhosa. Quem quiser crescer em cima do trabalhismo vai ter que aceitar esta sigla, que, nós, com muito orgulho, carregamos.

Portanto, não vamos nos iludir, volto a frisar: o segundo turno é outra eleição. E no segundo turno só há eleição para o Governo do Estado e para a Presidência da República. Aí nós vamos lá empurrar o caminhão. Mas, no primeiro turno, nós precisamos fazer uma bancada estadual dos trabalhistas sólida, forte, e uma bancada na Câmara Federal forte também. Nós recém estamos no embrião e vai haver muito asfalto para fazer essa estrada vergonhosa de Santa Maria a São Borja! Eu fui ao interior do Município, Encruzilhada, e demorei uma hora e meia, Ver. Isaac Ainhorn, tendo que parar, entrar no buraco para depois sair do buraco, porque é uma vergonha! Eu acho que nós perdemos a grande oportunidade de lá consolidarmos. Nós temos um problema na região que é a diferença, a distância entre São Borja e as outras cidades, como Uruguaiana, Itaqui, mais de 80 Km; Uruguaiana, mais de 100 km; Santiago, 143 km. É mais perto ir para a Argentina, para nós, Ver. Dr. Goulart - V. Ex.ª que esteve lá -, onde existe a ponte internacional, do que nós irmos para dentro do nosso Estado, para o lado de Santa Maria, para o lado de Uruguaiana, para Itaqui, para Santiago.

Então, nós precisamos ainda asfaltar essa estrada que está esburacada, muito esburacada. Eu transfiro isso, parodiando, para a política: nós não vamos entregar, não, essa sigla, assim, na marra. Nós vamos ajudar. Mas, quanto ao Partido Trabalhista Brasileiro, não. Por isso eu peço ao povo do Rio Grande: elejam trabalhistas fortes! Elejam Senadores fortes!

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Sr. Vereador, nós não podemos falar em campanha política. Eu peço ao ilustre Líder...

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Mas eu não estou criticando nenhum partido, eu estou falando no meu Partido. E eu acho que falar do meu Partido eu posso. Entende? O PTB não vai terminar, é isso que eu estou dizendo, nós temos que continuar com essa sigla. Eu estou falando em siglas. Não estamos falando e nem desmerecendo outros partidos.

Então, nesse aspecto, quero terminar dizendo que nós vamos ter de asfaltar essa estrada, muito - que V. Ex.ª conhece -, de São Borja a Santa Maria. E fazendo uma paródia no que se refere à política, o PTB vai continuar nos braços do povo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, desejo fazer uma Questão de Ordem e um Requerimento. Questão de Ordem: nós entendemos que o Ver. Cassiá, Carpes, obviamente, está falando no seu Partido, mas, a partir do momento em que ele pede votos, isso infringe a Lei, que nós todos... Tanto que nenhum dos outros Vereadores estão colocando. É importante fazer este alerta a todos os Vereadores, para manter a isonomia.

Requerimento: solicito verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Pois não, Vereador. Solicito liberação dos terminais para verificação de quórum. Se houver 11 Vereadores, entramos no período de Pauta, Ver. João Antonio Dib. (Pausa.)

Não há quórum.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h59min.)

 

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